RESUMO DAS DISCIPLINAS CEDERJ ( 5 )

1 - PSICOPEDAGOGIA
2 - DINÂMICA E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
3 - EDUCAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
4 - ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE

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1 - PSICOPEDAGOGIA


Resumo aula 5 - Psicopedagogia | A contribuição de Vygotsky para a psicopedagogia - Aliny Lamoglia / Mara Monteiro da Cruz

Piaget, para quem a inteligência se desenvolvia a partir da busca do organismo pelo equilíbrio.
O behaviorismo é uma teoria psicológica, fundada por John Watson em 1913. Watson afirmava que a psicologia só poderia se ocupar do comportamento manifesto, porque somente este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. O positivismo admite, como única fonte de conhecimento, a experiência, os fatos positivos, os dados sensíveis.
Para Vygotsky, o sujeito se constitui na e pela relação com sua cultura. Desta forma, a origem de suas funções psicológicas não se encontra no “espírito”, nem nas conexões cerebrais, mas na história social (MOURA; CORRÊA, 1997).
Vygotsky propõe que a formação das funções psíquicas superiores se devem à internalização e são mediadas pela cultura.
PRINCIPAIS CONCEITOS DA TEORIA DE VYGOTSKY
Mediação
O principal conceito da obra de Vygotsky é o de mediação. Mediar é interpor algo entre uma coisa e outra. No caso do desenvolvimento humano, mediar é interpor signos entre o sujeito do conhecimento e o mundo. Ou, ainda, dito de forma mais específica, quando a criança aprende uma palavra, ela passa a se relacionar com o significado daquela palavra e não com o objeto representado pela palavra. É para isto que servem as palavras, para que os homens possam se relacionar com as ideias que elas encerram e não mais com os objetos em si.
Para Vygotsky (1993), “o pensamento não é apenas expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir”
Por isto costuma-se dizer que a relação entre o pensamento e a palavra, nesta perspectiva, forma um amálgama. Amálgama é uma palavra oriunda da química e significa que duas substâncias originais foram misturadas de tal forma que criaram uma terceira substância que é mais do que simplesmente o somatório das duas anteriores, tal como acontece com o hidrogênio e o oxigênio que, ao se unirem em determinadas proporções, formam a água.
Internalização
O grande desafio a que Vygotsky se propôs foi desenvolver uma teoria capaz de explicar como a mente humana se forma culturalmente.
internalização, que, como o próprio nome sugere, é a transferência de um conteúdo (conceito, significado) para o interior do indivíduo. Em outras palavras, Vygotsky preocupou‑se em explicitar como um conteúdo que é veiculado entre as pessoas – interp­síquico – passa a fazer parte da realidade interna de uma criança.
Quanto mais os homens se apropriam de signos linguísticos, mais se tornam capazes de transfor­mar o seu mundo interno, ou seja, o seu psiquismo.
De maneira brilhante, Vygotsky estendeu o conceito de mediação na interação homem-ambiente pelo uso de instrumentos, ao uso de signos. Os sistemas de signos (a linguagem, a escrita, o sistema de números), assim como o sistema de instrumentos, são criados pelas sociedades ao longo do curso da história humana e mudam a forma social e o nível de seu desenvolvimento cultural. Vygotsky acreditava que os sistemas de signos produzidos culturalmente provocam transformações comportamentais.
Em síntese, a interação do homem com o meio é mediada pelos instrumentos e pelos signos. Os signos, por um lado, são responsáveis pela mediação simbólica entre o sujeito e o meio, e por outro permitem a internalização e a construção das funções mentais superiores (MOURA; CORRÊA, 1997).

O termo “mediação” define a ação dos instrumentos e dos signos, que se interpõem entre sujeito e objeto na relação do homem com o meio social que o cerca. Internalização consiste em um processo de reconstrução interna de uma operação externa com objetos com os quais o aluno interagiu. Um exemplo que podemos verificar nas salas de aula é o desenvolvimento da leitura fluente. O aluno recém‑alfabetizado costuma ler com uma certa dificuldade, “juntando as sílabas”. O professor, então, se utiliza de recursos como diversos tipos de textos escritos (receita, bula, texto literário, jornalístico etc.), além de promover vivências que envolvem a leitura (o professor lê para a turma ou as crianças leem pequenos trechos para a turma ou umas para as outras), o que consiste no processo de mediação entre o aluno e o conhecimento. Quando o educando consegue extrair, com facilidade, o sentido dos textos que lê, observa-se que houve a internalização dos signos escritos, o que resulta na leitura fluente.

A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA PARA A FORMAÇÃO DE CONCEITOS
Vygotsky chama a atenção para o fato de que animais como os chimpanzés se comunicam através de uma linguagem bem desenvolvi­da, apesar de não falarem. Nos seres humanos, a fala seria um meio de expressão desta linguagem.
A língua, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas. Portanto, sociedades e culturas diferentes produzem diferentes sistemas simbólicos para suprir suas necessidades.
A língua é fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento devido ao seu papel na formação de conceitos. O fato de não ouvir impede que o surdo desenvolva a língua oral, mas não o desenvol­vimento da língua de sinais. Esta consiste na linguagem natural das pessoas surdas, substituindo a língua oral para elas.
Desta forma, a criança surda deve ter contato o mais cedo possí­vel com a língua de sinais, para evitar que tenha prejuízos no seu desenvolvimento.

RELAÇÕES ENTRE INTERAÇÃO SOCIAL, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
Existem pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por Vygotsky: um real, já adquirido ou formado, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si própria, e um potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa.

 A TEORIA DE VYGOTSKY E A PRÁTICA PEDAGÓGICA
A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica inten­cional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal.
A ZDP, é um espaço, uma zona do desenvolvimento na qual a mediação opera transformações. É onde o sujeito, seja ele pai, mãe, professor ou até mesmo outra criança, pode interferir para promover uma aprendizagem em alguém. Vygotsky concluiu, com seus experimentos, que a palavra consistia no mediador, por excelência, para o desenvolvimento humano.
O autor considera que cabe à escola elaborar programas com o objetivo de desenvolver o que está intrinsecamente faltando no desenvol­vimento dos alunos, utilizando os conhecimentos concretos como pontos de apoio necessários e inevitáveis para o desenvolvimento do pensamento abstrato, já que as crianças não desenvolverão espontaneamente formas elaboradas de pensamento abstrato. Desta forma, “o ‘bom aprendizado’ é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1993, p. 117).
A atuação do professor
Vygotsky critica o ensino fundamentado nas teorias behavioristas, que veem o aluno como uma “esponja”, que deve absorver os conteúdos alheios, ou seja, aqueles que são transmitidos pelo professor. O autor considera que, cientificamente, é impossível exercer influência educativa direta, porque “o saber que não passa pela experiência pessoal não é saber” (VYGOTSKY, 2003, p. 76).

Para Vygotsky, o sujeito se constitui na e pela relação com sua cultura. Desta forma, a origem de suas funções psicológicas não se encontra no “espírito”, nem nas conexões cerebrais, mas na história social. Vygotsky propõe que a formação das funções psíquicas superiores se deve à internalização e é mediada pela cultura.
A função do professor, no processo de ensino-aprendizagem, não é influenciar diretamente os educandos, o que cientificamente não é possível, mas exercer uma influência indireta, modificando o meio, para que, assim, o aluno se modifique. O professor age, então, como organizador do meio educativo, regulando e con­trolando suas interações com o educando.



Resumo aula 6 - Psicopedagogia | A afetividade  

Aliny Lamoglia / Mara Monteiro da Cruz

Vygotsky, que, atra­vés do conceito de mediação, analisa a relação do educando com o meio, demonstrando que a aprendizagem é decorrente da influência do contexto sócio-histórico-cultural.

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE PARA OS ESTUDOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Freud é conhecido como o “pai da psicanálise”.
Freud foi um dos primeiros teóricos a afirmar que o desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios psicossexuais. Freud foi, assim, responsável pelas primeiras investigações acerca da sexualidade infantil.
Freud sugeriu que as fases psicossexuais pelas quais passam as crianças se relacionam com uma área do corpo para a qual o desejo de satisfação se dirige.

a) A fase oral
Esta fase se caracteriza pela busca do prazer a partir da sucção. Acredita-se que se a criança não obtiver prazer a partir da sucção, aumen­tará sua necessidade de gratificação no estádio oral de morder. Devido a essas associações do desenvolvimento psicossexual com o comportamento social é que a psicanálise considera que as primeiras relações do bebê com os objetos a sua volta são determinantes nos rumos do desenvolvimento da personalidade (KLEIN, 1981).
b) A fase anal
Esta fase vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. A criança tem de aprender a controlar os esfíncteres e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. De acordo com a forma como a mãe lida com as produções da criança, isto é, se elogia quando ela consegue controlar os esfíncteres até chegar ao banheiro, se supervaloriza este feito, se demonstra impaciência ou frustração diante desta realização da criança, poderíamos supor características de personalidades generosa, arrogante ou ansiosa, respectivamente (KLEIN, 1981).
c) A fase fálica
A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracte­riza segundo Freud pela importância da presença (no caso dos meninos) ou da ausência (no caso das meninas) do falo ou pênis. A esta fase se atribui o tão conhecido “Complexo de Édipo”, que é quando a criança sente-se atraída pelo genitor do sexo oposto e volta-se contra o genitor do mesmo sexo. Cabe lembrar que em ambos os sexos a mãe ocupa um lugar especial para o direcionamento da libido da criança (KLEIN, 1981).
d) O período de latência
Depois da agitação dos primeiros anos de vida, segue-se uma fase mais tranquila que se estende até a adolescência. Nessa fase as fantasias e os impulsos sexuais são contidos e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de normas culturais se tornam primordiais para a criança (KLEIN, 1981).
e) A fase genital
A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a adolescência e se caracteriza pela canalização da libido para um relacionamento íntimo com outra pessoa. De acordo com os pressupostos psicanalíticos, se todas as fases anteriores foram vivenciadas sem maiores transtornos, o adolescente será capaz de experimentar a troca afetiva com outra pessoa e isto será decisivo para a formação da sua personalidade na idade adulta ou, em outras palavras, estruturará o seu ego e o seu superego (KLEIN, 1981).

A Psicanálise pode transmitir ao educador (e não à Pedagogia) uma ética, um modo de ver e de entender sua prática educativa. É um saber que pode gerar, dependendo, naturalmente, das possibilidades subjetivas de cada educador, uma posição, uma filosofia de trabalho. Pode contri­buir, em igualdade de condições com diversas outras disciplinas, como a Antropologia, ou a Filosofia, para formar seu pensamento.
Atribui-se a Freud a ideia de que existiriam três funções impos­síveis: governar uma nação, psicanalisar alguém e educar uma criança. Talvez isto se relacione com a afirmação de Freud no “Mal-estar na civilização” (1929) sobre a impossibilidade de formalizar integralmente uma Educação de cunho humanista a partir da Psicanálise.

CONTRIBUIÇÕES DE ALGUNS PSICANALISTAS PARA A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS
Os estudos de Bowlby
Nos estudos que empreendeu, Bowlby verificou que existem três tipos ligeiramente diferentes que podem produzir uma personalidade “incapaz de afeição” ou delinquente em algumas crianças:
1) falta de qualquer oportunidade para estabelecer uma ligação com uma figura materna nos três primeiros anos de vida;
2) privação materna por um período limitado – mínimo de três e prova­velmente mais de seis meses – nos primeiros três ou quatro anos de vida;
3) mudanças de uma figura materna para outra durante os três primeiros anos de vida.
Em linhas gerais, Bowlby (op. cit.) acredita que, por volta dos cinco ou seis meses de vida, o bebê está a caminho de estabelecer uma relação com uma pessoa que identifica claramente, por isto é comum que o bebê somente comece a “estranhar” as pessoas após esta fase.
Até o terceiro ano de vida a criança necessita da presença constante da mãe e aos quatro ou cinco anos a relação com a cuidadora poderá ser mantida se o afastamento se mantiver por poucos dias ou semanas de cada vez e, apenas depois dos sete ou oito anos, a relação pode ser mantida, embora não sem tensões, por períodos de afastamento mais prolongados.
Bowlby também descreveu três fases da resposta à separação por parte da criança. A primeira é a fase do protesto, caracterizada por choro e por uma tristeza aguda ante a perda da mãe, e pelos esforços para recuperá-la, através dos escassos recursos disponíveis à criança. A segunda fase é a do desespero, caracterizada por uma desesperança cres­cente, retraimento e um decréscimo nos esforços para recuperar a mãe, pela qual agora a criança está de luto. Por fim, a fase do desligamento, caracterizada por um comportamento de “instalar-se” no ambiente de separação, aceitando os cuidados de quaisquer figuras substitutivas dis­poníveis, mas com uma redução acentuada nas demonstrações de afeto para com a mãe quando esta voltar (1988, p. 197).
Bowby sugere que a única medida com possibilidade de sucesso para os prejuízos que a privação materna pode causar consiste em colocar a criança morando com um adulto que tenha empatia com a situação da criança, seja competente para lidar com as problemáticas advindas da separação e que disponha de tempo ilimitado para se dedicar aos cuidados com a criança. O autor reconhece que reunir todas estas condições em uma só pessoa é algo bem difícil e que devem-se investir esforços no sentido da manutenção do grupo familiar original.

Os estudos de Wallon
Henri Wallon foi o primeiro estudioso a destacar a importância do movimento no desenvolvimento psicológico da criança. Para ele, emoção e motricidade são os pilares da representação mental.
Seus estudos defendem que o ser humano é composto pelas dimen­sões cognitiva, afetiva e motora; e se constitui, bem como se desenvolve, na relação com o meio social.
Para Wallon, no desenvolvimento do bebê, a dimensão motora é a que dá a condição inicial para o desenvolvimento da dimensão afetiva porque a função tônica (referente à contração dos músculos) aparece antes da função cinética (referente ao deslocamento dos membros do corpo). A ação recíproca dessas duas funções possibilita o desenvolvi­mento das funções psicológicas superiores.
Os estágios e fases de desen­volvimento psicomotor foram assim designados por Wallon:

Estágio impulsivo (0 – 3 meses): a criança está fortemente ligada à mãe e é completamente dependente da família; em resposta às necessidades orgânicas (fome, sede, fralda molhada), o bebê reage com espasmos, gritos, contorções. Ainda não é capaz de controlar seus movimentos.
Estágio emotivo (3 – 9 meses): aos poucos, a criança começa a identificar os membros da família. O movimento se transforma em expressão e em imitação, ocorrendo, assim, as primeiras comunicações e ações da criança no meio ambiente. As mães e pessoas que cuidam da criança nesta fase começam a identificar características diferenciadas em suas expressões (por exemplo, distinguem o choro de dor do choro de “manha”).
Estágio sensitivo-motor (1 – 2 anos): movimentos e sensibilidade diferenciam-se cada vez mais. A criança descobre o mundo dos objetos, desenvolve a preensão e a marcha, o que possibilita uma ampliação na interação com o meio que a cerca.
Estágio projetivo (aproximadamente a partir dos 2 anos): por meio do desenvolvimento da função simbólica, a criança é capaz de trans­formar os objetos através de sua imaginação. O movimento torna-se um instrumento de ação sobre o meio onde ela vive.
• Estágio do personalismo (de 3 anos aos 5 anos): neste estágio, a criança se diferencia do outro, apresentando a necessidade de ser reconhecida por ele. Progressivamente, ela adquire consciência de sua autonomia em relação aos demais, o que possibilita que assuma vários papéis em diferentes grupos. Por exemplo, na família, ela percebe que é “filho” ou “filha”, bem como “irmão” ou “irmã”, enquanto, na escola, assume outros papéis, relacionando-se com crianças da mesma idade e com o(a) professor(a).
Estágio categorial (dos 6 aos 11 anos): neste período em que a criança está cursando o Ensino Fundamental, seu desenvolvimento cognitivo está aguçado e amplia-se, de maneira geral, a sociabilidade.
Estágio da adolescência (a partir dos 12 anos): nesta fase, a afetividade será o centro de interesse e a maturidade virá com o acesso aos valores sociais e morais, inicialmente abstratos, numa preparação para a vida social do adulto.
As ideias contemporâneas de Brazelton e Greenspan
Para os autores, os primeiros anos são o período mais crítico e o mais vulnerável no desenvolvimento de qualquer criança.
A questão que segue é: “Que tipos específicos de experiências são mais importantes e o quanto de cada uma delas é necessário?” Na ocasião da formulação desta pergunta, porém, proferida pelo presidente dos Estados Unidos a uma plateia de pediatras e psiquiatras infantis presentes à Conferência da Casa Branca sobre Desenvolvimento do Bebê e da Criança, ninguém tentou uma resposta. No livro citado, os autores procuram responder à pergunta do presidente e também de muitos pais.
Os autores identificaram seis necessidades mínimas de bebês e crianças. Quais sejam:
1) a necessidade de relacionamentos sustentadores contínuos;
2) a necessidade de proteção física, segurança e regras;
3) a necessidade de experiências que respeitem as diferenças individuais;
4) a necessidade de experiências adequadas ao desenvolvimento;
5) a necessidade de estabelecimento de limites, organização e expectativas;
6) a necessidade de comunidades estáveis, amparadoras e de continui­dade cultural.

O que se entende por relacionamentos sustentadores contínuos? Isto significa que é importante que as crianças sejam cuidadas pela mesma pessoa ao longo de um tempo mínimo necessário para que possam esta­belecer vínculos.
Vários autores da área do desenvolvimento infantil parecem concordar ao dizerem que as crianças que não são capazes de se rela­cionar com as outras pessoas de forma afetuosa e confiante – crianças desconfiadas, tímidas e distantes, ou que supõem que serão humilhadas – tornam-se isoladas e incapazes até de ouvir o que o outro diz (BRA­ZELTON; GREENSPAN, 2002).
Sabe-se atualmente que a forma como a criança aprende está ligada a sua situação emocional; e esta, por sua vez, depende, inequivocamente, da atuação de seus cuidadores frente a sua existência.
Freud acreditava que aos quatro ou cinco anos a personalidade do sujeito já está formada; por isto, dedicou parte de sua obra à explicação das fases do desenvolvi­mento psíquico na infância. Segundo o autor, a forma como a criança experiencia cada uma das fases iniciais será determinante na constituição do seu psiquismo na idade adulta.
Outros autores se dedicaram a observar e tratar crianças em situações de risco social, como abandono, maus tratos, perda de um ou de ambos os pais etc. e verificaram que estas condições podem concorrer para a formação de uma per­sonalidade delinquente.
Parece, porém, haver um certo consenso de que “todos os conceitos intelectuais, abstratos, que as crianças dominarão em idades posteriores, baseiam-se nos conceitos que elas aprendem em seus primeiros relacionamentos” (BRAZELTON; GREENSPAN, 2002, p. 125).



Resumo aula 7 - Psicopedagogia | Aspectos do desenvolvimento psicomotor -

 Aliny Lamoglia / Mara Monteiro da Cruz

CONHECENDO A PSICOMOTRICIDADE
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade a define como:
A ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Temos, assim, uma ciência que procura estudar o homem através de seu corpo, seus movimentos e seus gestos, que, integrados ao seu psiquismo estão sempre completamente envolvidos em suas emoções.
Atualmente, a psicomotricidade caracteriza-se como uma ciência multidisciplinar, enriquecida com estudos de diferentes áreas e abor­dagens. As questões que impulsionam os estudos da psicomotricidade envolvem muito mais a natureza do movimento, considerando-o, ao mesmo tempo, como forma de relacionar-se com o meio e expressão do ser humano, do que com a complexa engrenagem anatomofisiológica que está na base de tais movimentos.

COMO OCORRE O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
As relações entre o ser humano e o meio começam na fase uterina. Por volta do segundo mês de gestação, o feto já começa a ter sensibilidade tátil. A seguir, desenvolvem-se o olfato, o paladar, o sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio), a audição e a visão.
A mãe e a criança se comunicam por intermédio da placenta. Através do sangue que chega pelo cordão umbilical, a criança recebe, além de oxigênio e nutrientes, a adrenalina, hormônio produzido pela mãe em situações de estresse, que acelera o coração do bebê. Outras reações à rotina da mãe também são percebidas.
Ao nascer, as funções de relação musculares e sensoriais são pouco desenvolvidas e o bebê amplia sua relação com o meio através de seu tônus muscular e atividade reflexa.
O desenvolvimento de habilidades como a preensão e a marcha aumenta gradativamente as possibilidades de interação da criança com o meio. Esta interação, por sua vez, estimula o desenvolvimento das habilidades.
O desenvolvimento da linguagem marca um período de grandes transformações no desenvolvimento da criança. A função simbólica não é psicomotora, mas tem suas raízes na atividade sensório-motora, o que a relaciona ao desenvolvimento psicomotor (LE BOULCH, 1982).
A função simbólica diz respeito à relação consciente entre signi­ficados e significantes e é inerente a todo ser humano. É importante não confundir linguagem com a língua, que consiste no idioma que falamos. Saussurre afirma que
Não é a linguagem falada o que é natural no homem, mas a facul­dade de construir uma língua, quer dizer, um sistema de signos diferentes que correspondem a diferentes ideias (SAUSSURRE apud LEVIN, 2009, p. 93).
A língua é utilizada para nos comunicarmos através da linguagem verbal (falada ou escrita), porém também nos comunicamos através da linguagem não verbal, como, por exemplo, através de nossa postura corporal, da mímica e de sons não verbais (suspiro, choro, gemido). Existem inúmeros exemplos de formas de comunicação não verbal, quer dizer, sem palavras.
o desenvolvimento da linguagem está intimamente relacionado ao desen­volvimento psicomotor, que compreende os seguintes aspectos:
Esquema corporal: a noção de esquema corporal é uma construção mental que a criança realiza gradativamente, à medida que vivencia, faz uso do próprio corpo. Nas escolas de Educação Infantil, o que deve ser feito para favorecer esta construção pela criança é proporcionar atividades lúdicas.
Estruturação espacial: desenvolve-se a partir da tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um ambiente, em relação aos objetos e às outras pessoas. Envolve, também, a tomada de consciência da relação dos objetos entre si.
Estruturação Temporal: é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, depois), da duração dos intervalos (tempo longo, tempo curto, ritmo regular, irregular), da renovação cíclica de certos períodos (dias da semana, meses, estações do ano), do caráter irreversível do tempo.
Meur & Staes (1989) relatam que existe o tempo subjetivo, criado pela nossa própria impressão, e o tempo objetivo, matemático, que pode ser medido por instrumentos como relógio e cronômetro.
Lateralidade: corresponde a uma assimetria funcional: um lado do corpo (mão, pé, olho, ouvido) é mais utilizado e mais hábil que o outro. A lateralidade pode ser cruzada (exemplo: olho esquerdo e mão direita dominantes).
Coordenação motora: de acordo com Clark (1994, apud PELLEGRI­NI; COLS., 2010), podemos definir coordenação motora como
A ativação de várias partes do corpo para a produção de movimen­tos que apresentam relação entre si, executados numa determinada ordem, amplitude e velocidade.
Coordenação é a relação espaço-temporal entre as partes inte­grantes do movimento (p. 180).
A coordenação motora pode ser ampla (referente aos movimentos dos grandes músculos, para realizar atividades como pular, andar) ou fina (diz respeito à habilidade e destreza manual, para realizar atividades como escrever, desenhar, rasgar, amassar, recortar).

A estimulação adequada da criança na Educação Infantil pode prevenir dificuldades de aprendizagem, o que torna imprescindível que as atividades curriculares na Educação Infantil sejam planejadas em função de atividades lúdicas que favoreçam à criança conhecer a si mesma, ao outro e ao meio que a cerca. Algumas dificuldades percebidas no Ensino Fundamental podem ter origem na pouca estimulação psicomotora.
O desenvolvimento da criança pode ser avaliado de várias formas. O importante é que o parâmetro principal seja comparar a criança com ela mesma, antes de compará-la com outras crianças da mesma faixa etária. Isso quer dizer que, antes de utilizar escalas de desenvolvimento, é fundamental conhecer muito bem a criança que está sendo avaliada.
Para Luquet (citado por FERREIRA, 1998), as crianças desenham por prazer, para se divertir, como fazem em um jogo ou brincadeira. Ele observou que seus desenhos apresentam características comuns, que podem ser relacionadas a padrões encontrados em quatro fases, que chamou de garatujas, realismo fortuito, realismo gorado e realismo intelectual.
A fase das garatujas corresponde à rabiscação pelo simples pra­zer do ato motor, que a criança já consegue fazer a partir de um ano de idade. Ainda não há a noção de espaço e, por isso, ela extrapola os limites da folha de papel.
Por volta dos três anos de idade, com o progressivo controle do movimento, a criança, eventualmente, reconhece alguma figura em seus desenhos, nomeando-os após tê-los feito. Ainda não há a intenção prévia de representar os objetos. Esta fase corresponde ao realismo fortuito.
É muito importante valorizar o que a criança produz. Este incen­tivo favorece com que desenvolva sua habilidade e, gradativamente, o que era esporádico vira intencional, ou seja, a criança procura realmente representar algo através de seu desenho, o que corresponde à fase do realismo gorado.
A partir dos seis ou sete anos, a criança consegue superar a incapacidade sintética e seus desenhos são bastante realistas, apesar de retratarem não a realidade dos adultos, mas o conhecimento que ela tem do mundo que a cerca. Nesta fase, chamada realismo intelectual, surgem algumas caracte­rísticas nos desenhos, como a transparência, o animismo e a planificação.
Transparência significa desenhar os objetos como se fossem trans­parentes, a fim de registrar o que há em seu interior. A criança é capaz de desenhar, por exemplo, a casa vista de fora, com os móveis, lâmpadas e outros detalhes de seu interior. Da mesma forma, ao representar a figura humana, mesmo vestida, desenha o que há por baixo da roupa e dentro do corpo, como umbigo e coração.
O animismo consiste em emprestar características humanas a ele­mentos da Natureza. É a fase em que a criança desenha a casa, a árvore, ou o sol com olhos e boca, sorrindo.
A planificação consiste em representar o objeto em projeção no solo, como se o mesmo fosse visto em linha reta.
A partir de, aproximadamente 12 anos, o desenho da criança começa a apresentar características da fase denominada realismo visual. Ela desenvolve a noção de proporção e perspectiva e passa a representar o mundo tal como o vê.
Para estimular o desenvolvimento da criança, que é demonstrado através de seu desenho, vale repetir que ela desenha o que conhece e não o que vê, logo, para que conheça seu esquema corporal, é mais produtivo que realize atividades lúdicas com seu próprio corpo, como jogar bolas de diferentes tamanhos, rodar bambolê, pular amarelinha. Para que desenvolva destreza manual, que rasgue, recorte, pinte, borde. Para que observe e interaja com o mundo ao seu redor, que ouça e conte histórias, conheça lugares e, acima de tudo, que brinque bastante!
Como os saberes da psicomotricidade  podem ajudar a compreender dificuldades no processo de aprendizagem.
A psicomotricidade oferece recursos para avaliar o desenvolvimento do aluno e perceber quando atrasos ou desvios neste processo prejudicam algum tipo de aprendizagem. Desta forma, dificuldades no desenvolvimento do esquema corporal, estruturação espacial, estruturação temporal, lateralidade e coordenação motora (ampla e fina) devem ser consideradas nos casos de dificuldade de aprendizagem. Além disso, estas crianças, muitas vezes, apresentam pouca habilidade lúdica e criativa, o que confere uma grande importância às atividades desta natureza na avaliação e atendimento psicopedagógicos.

A Psicomotricidade é uma ciência multidisciplinar, que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.
O desenvolvimento psicomotor compreende os seguintes aspectos: esquema cor­poral, estruturação espacial, estruturação temporal, lateralidade e coordenação motora (ampla e fina).



Resumo aula 8 - Psicopedagogia | Relações entre fala, linguagem oral e aprendizagem

 Aliny Lamoglia / Mara Monteiro da Cruz

A comunicação mãe-bebê se constitui, inicial e progressivamente, de forma não verbal. O contato iniciado na vida intrauterina é fortaleci­do pela amamentação, que favorece o conhecimento mútuo. Ao mesmo tempo em que a mãe vai aprendendo a entender as “pistas” fornecidas pelo filho (tipos de choro, movimentos corporais etc.), o bebê também começa a estabelecer contatos intencionais com o meio, através do olhar, do sorriso e das expressões vocais, como emissão de sons guturais, bal­bucio, imitação (DELDIME; VERMEULEN, 2004).
Antigamente, acreditava-se que o recém-nascido deveria ficar em uma atmosfera de tranquilidade, com pouca luz e poucos estímulos. Esta realidade vem se transformando na medida em que descobri­mos que o desenvolvimento dos bebês pode e deve ser estimulado, porque acontece na interação com o meio ambiente.

COMO SE DESENVOLVE A LINGUAGEM ORAL?
A principal oposição à teoria inatista do desenvolvimento da linguagem vinha dos behavioristas, como Skinner. Se desejar, reveja os princípios do empirismo na Aula 4. Skinner lançou, em 1957, o livro Verbal Behavior, em que defendia que a aprendizagem da linguagem não era diferente da aprendizagem dos outros comportamentos humanos complexos, ocorrendo a partir da ação do meio sobre o indivíduo e da resposta deste indivíduo ao meio.
Outra corrente teórica importante neste percurso de estudos sobre como a linguagem se desenvolve foi representada por Piaget, que, através do construtivismo, defendia que “as estruturas da linguagem não resultavam do meio, nem se encontravam preestabelecidas desde o nascimento, mas sim eram construídas pela criança por meio de sua própria atividade” (PEÑA­CASANOVA, 1997).
Apesar de contemporânea da obra de Piaget, a teoria de Vygotsky levou algumas décadas para ser conhecida, devido a questões políticas. Vygotsky, em seus estudos, defendia que a linguagem era um fenômeno social e cultural, sustentando que na interação entre o meio e a criança é que surgem os processos de desenvolvimento da linguagem.
Um dos pontos de divergência entre Piaget e Vygotsky é o concei­to de “fala egocêntrica”, através do qual Vygotsky demonstra como a atividade social da criança transforma-se em atividade individualizada. Diferentemente de Piaget, para quem a fala egocêntrica era um sintoma de imaturidade e extinguia-se com a maturação, Vygotsky (1998, p. 37) acreditava que a “história do processo de internalização da fala social é também a história da socialização do intelecto prático das crianças”.

Os RCNEI enfatizam que a Educação Infantil (de crianças de 0 a 6 anos), ao “promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comuni­cação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças” (p. 108)
 LINGUAGEM ORAL E DEFICIÊNCIA AUDITIVA E INTELECTUAL
O desenvolvimento da linguagem oral de crianças com deficiência auditiva depende do grau da perda auditiva e dos apoios terapêuticos de que ela puder dispor.
Para a autora, portanto, a palavra verbalizada é apenas uma das formas de exteriorização da reflexão.

No caso de crianças com deficiência intelectual, também vemos que comumente apresentam atrasos no desenvolvimento da linguagem, que prejudicam sua interação com o meio. Retornando à teoria de Vygotsky (1998), entendemos que este prejuízo se dá porque a linguagem, em sua fase inicial, de comunicação interpessoal, favorece a interação da criança com outras pessoas de seu ambiente, além de tornar possível o desenvolvimento da fala interior, do pensamento reflexivo e o desen­volvimento de seu comportamento voluntário.
Os bebês, apesar de ainda não terem a linguagem desenvolvida, parecem predispostos à comunicação, o que só pode ser prejudicado pela existência de algum padrão atípico de desenvolvimento, deficiência ou pela falta de estimulação do meio ambiente.
O desenvolvimento da linguagem permite a ampliação da inte­ração com o meio, bem como favorece a aprendizagem, pois estrutura o pensamento.
Desta forma, podemos concluir que os educadores, de qualquer segmento, devem estar sempre atentos às questões relativas à linguagem, tanto em relação à sua aquisição, o mais cedo possível, quanto em relação à comunicação professor/aluno, aluno/aluno, escola/família.

Os bebês são seres sociais, porque já nascem inseridos em um grupo, no qual irão estabelecer vínculos afetivos. Neste contexto, desde cedo demonstram habilidades como discriminação de rostos e vozes humanas e preferência por vozes femininas, por exemplo. As primeiras comunicações são não verbais. No primeiro ano de vida, a criança aprende a articular sons e a produzir as palavras de uma língua, ou idioma. Crianças surdas aprendem as línguas compostas de signos visuais, as línguas de sinais.
Fala e linguagem oral se desenvolvem de forma espontânea (sem a necessidade de ensino formal), mas são beneficiadas com atividades direcionadas no ambiente escolar, que favorece o convívio social e o desenvolvimento da autonomia dos educandos.



Resumo aula 12 Psicopedagogia | Distúrbios que afetam a aprendizagem - Aliny Lamoglia / Mara Monteiro da Cruz


De acordo com a resolução CNE/CEB 2/2001, no artigo 5º,  consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os  que, durante o processo educacional, apresentarem:
I - Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no  processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das  atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou  deficiências.

Os alunos  considerados público-alvo da educação especial são aqueles com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades/ superdotação.
Dislexia
A dislexia é um transtorno neurobiológico específico da leitura,  de origem constitucional, caracterizada por dificuldades na decodificação de palavras isoladas, normalmente causadas por insuficiência do processamento fonológico (MOUSINHO em LAMOGLIA, 2009).

As intervenções metodológicas devem considerar:
–  o desmembramento de atividades longas em subitens que não excedam  vinte minutos de realização;
–  o uso de muitos recursos visuais que auxiliem a memorização;
–  a permissão para que a criança utilize recursos de áudio na sala de aula;
–  adaptações curriculares no sentido da temporalidade (aumentar o  tempo de prova, por exemplo);
–  adaptações curriculares no sentido da avaliação (realização de provas  orais em substituição às provas escritas ou uma pessoa que possa ler a prova para o aluno disléxico);
–  explicitação, para o grupo de alunos, sobre a dificuldade, a fim de que não haja prejuízo social para a criança;
–  interferência do(da) professor(a) na formação dos grupos de trabalhos, entre outras adaptações que podem ser demandadas por cada criança especificamente (MOUSINHO, 2009).

A dislexia é um transtorno neurobiológico que pode dificultar ou, nos casos mais graves, impedir a associação dos fonemas com os grafemas, necessária à aprendizagem da leitura e da escrita de línguas alfabéticas como a nossa. A disgrafia é um problema na forma da letra, que algumas vezes é tão diferente da forma convencional que dificulta a recuperação (leitura) até mesmo para quem escreve e a disortografia é a constante troca de letras que possuem sons parecidos, como por exemplo, escrever “asar” com “s” e não com “z”

Disgrafia
Estamos diante de um caso de disgrafia quando o desenvolvi-mento visomotor, ou seja, a capacidade de coordenar mão e visão na realização do registro gráfico, encontra-se prejudicado ou impedido.
Disortografia
A disortografia, ao contrário da disgrafia, não diz respeito à forma da letra, mas à troca de signos linguísticos que se parecem no som. É o que chamamos, comumente,  erro ortográfico. A intervenção, neste caso, deve priorizar a produção textual e a autocorreção.

Transtorno fonológico
Conhecido no passado como “dislalia”, o transtorno fonológico é a patologia da fala atribuída ao Cebolinha da Turma da Mônica. Cebolinha, o garoto esperto, de cabelos espetados, que troca o “r” pelo “l”, é o personagem criado em 1960 pelo cartunista Mauricio de Sousa.
Ele  apresenta sintomas de meninos e meninas que possuem um dos transtornos de linguagem mais comuns entre crianças, a dislalia, mais recentemente denominada transtorno fonológico. Normalmente, este transtorno é causado por pequenas disfunções
articulatórias que, com a intervenção adequada de um fonoaudiólogo, em poucos meses é solucionado.

Transtornos globais do desenvolvimento
O que caracteriza um TGD, como é atualmente denominado este tipo de transtorno neurobiológico, é o comprometimento de três áreas do desenvolvimento: a comunicação recíproca, a interação e a imaginação.
Nos casos mais brandos de autismo, denominados, como vimos anteriormente, síndrome de Asperger, pode não haver comprometimento da inteligência, uma vez que a aprendizagem da língua foi mantida, mas haverá comprometimentos nas esferas da vida da criança que dependerem de comunicação recíproca, interação ou imaginação.
Nos casos mais graves, quando a interação recíproca, ou seja, a capacidade de aprender com o outro os conceitos da cultura, está muito – ou totalmente – comprometida, temos o autismo típico ou não verbal.  Devido à ausência da língua, instala-se um quadro de deficiência intelectual circunstancial. A esta amplitude de gravidade do autismo, denominamos “espectro autístico”.

Déficit específico de linguagem – DEL
O que está prejudicado são os três níveis da aprendizagem da língua, isto é, a sintaxe (a forma como a criança ordena os sons da língua); a semântica (o conteúdo, o significado daquilo que se quer expressar) e a pragmática (a forma como emprega, usa socialmente a língua).

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH
Este transtorno é caracterizado por dois grandes grupos de sinais: os sinais de desatenção e os sinais de hiperatividade/impulsividade.

Discalculia do desenvolvimento ou transtorno da matemática
Refere-se a uma dificuldade de aprendizagem específica que não deve ser confundida com a dificuldade comum que muitos estudantes têm frente à matemática. A discalculia afeta de forma importante a aprendizagem das habilidades matemáticas iniciais. Caracteriza-se por um desempenho na aritmética muito abaixo do esperado para a idade
em crianças com inteligência normal.

A dislexia concorre com inteligência normal ou acima da média. Uma adaptação curricular que pode ajudar muito a criança com dislexia é a aplicação de avaliações orais.
O TDA/H caracteriza-se por uma dificuldade de autorregulação do comportamento e da motilidade, ou seja, a criança não consegue sozinha controlar os seus movimentos e a sua atenção. Uma estratégia pedagógica que poderia auxiliar esta criança seria planejar atividades com, no máximo, vinte minutos de duração, para possibilitar que ela fique atenta durante o maior tempo possível e consiga começar e terminar a atividade.

Dentre os transtornos que afetam a aprendizagem, podemos citar: a dislexia, a disgrafia, a disortografia, o transtorno fonológico, os transtornos globais do desenvolvimento, o déficit específco de linguagem, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e a discalculia do desenvolvimento.
Apesar de não serem considerados alunos com necessidades educativas especiais pela atual Política Nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva (BRASIL, 2008), consideramos que o processo de ensino-aprendizagem deve prever adaptações e estratégias que favoreçam sua aprendizagem, tendo em vista minimizar as dificuldades apresentadas.
Após uma cuidadosa avaliação pedagógica, bem como encaminhamento para avaliação de outros profissionais, se for o caso, deve-se elaborar estratégias que possam ser úteis, como a realização oral de atividades, a utilização de recursos, como calculadora e ábaco, e o planejamento de atividades de curta duração.





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2 - DINÂMICA E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR


Resumo aulas 1 e 2 – Dinâmica e Organização Escolar

OLHANDO A ESCOLA POR DENTRO DA ESCOLA
Sinta-se um/uma explorador/exploradora desse ambiente físico, desse espaço de trocas culturais, dessa fábrica de dúvidas e questionamentos, desse lugar de apresentar, consumir e produzir conhecimento, desse sistema complexo que se insere em outro sistema mais complexo: o sistema escolar, que, por sua vez, se insere em um sistema ainda mais amplo:
O sistema educacional nacional. Não se pode menosprezar, ainda, os sistemas internacionais de Educação, as pressões decorrentes de políticas locais e internacionais...
Olhe as paredes, a forma de organizar os espaços e o mobiliário da escola... É possível perceber uma intenção, um momento histórico e social que faz da escola uma espécie de rebatimento das questões que a sociedade se coloca em um momento específico. Pense agora nos os profissionais que na escola atuam...
Reflita sobre as estruturas de poder que pairam sobre a escola, os espaços e rituais daqueles que vão para ensinar, para aprender, para garantir que ela permaneça operacional e para buscar algumas soluções para os problemas cotidianamente enfrentados.
Focar nossa atenção em alguns aspectos históricos, na relação entre a escola e o momento social, nos processos que iniciam, interrompem e/ou mantêm certos rituais, na expectativa social e na dinâmica que se estabelece no sistema educacional e em seus subsistemas.

Há cada vez mais alunos que abandonam a escola privados de tudo: sem um mínimo de conhecimentos e de cultura, sem o domínio das regras básicas da comunicação e da ciência, sem qualquer qualificação profissional. Contrariamente às suas intenções igualitaristas, a Escola continua, tantas vezes, a deixar os frágeis ainda mais frágeis e os pobres ainda mais pobres.

O que é que queremos da Escola? História ou educação para a cidadania? Literatura ou educação para a saúde? Ciência ou prevenção da toxicodependência? Matemática ou educação sexual? Artes ou prevenção rodoviária? Filosofia ou educação ambiental? Geografia ou educação para os valores? E que dizer do desenvolvimento das competências comunicacionais e tecnológicas? E da preparação para a vida profissional? E da promoção do espírito de criatividade, de inovação e de empreendedorismo? E da formação moral? E da prevenção da delinquência? E do ensino das regras e comportamentos sociais? E da capacidade para enfrentar dificuldades e resolver problemas? Tudo isto? (p 114)

Resumindo de maneira excessivamente simplista a história da Escola no decurso do último século, podemos dizer que ela se foi desenvolvendo por acumulação de missões e de conteúdos, numa espécie de constante “transbordamento”, que a levou a assumir uma infinidade de tarefas. Hoje, o currículo escolar mais parece um saco no qual, década após década, tudo foi colocado e de onde nada foi retirado. A Escola está esmagada por um excesso de missões e pela impossibilidade de as cumprir. Impõe-se, por isso, definir prioridades e dizer, com clareza, aquilo que queremos da Escola. (p.115)

Durante muito tempo, a Escola foi apenas para alguns. Hoje ela tem de integrar todos os alunos. No entanto, continuamos a trabalhar pedagogicamente quase do mesmo modo como trabalhávamos quando a Escola era apenas para alguns, quando a Escola se dirigia a alunos que já tinham sido socializados em casa, que partilhavam os mesmos valores e as mesmas culturas.
A incapacidade para construir novos modos de trabalho pedagógico, para lidar com a diferença e a heterogeneidade, promovendo ao mesmo tempo uma cultura comum e partilhada, é uma das nossas principais dificuldades. Não se trata, claro está, de aceitar tudo e de ser tolerante em relação a tudo. Mas tudo deve ser compreendido e a Escola deve trabalhar com a diferença para construir uma cultura comum.



Resumo aulas 3 e 4 - OLHANDO A ESCOLA POR DENTRO DA ESCOLA: ANALISANDO ALGUNS DADOS SIGNIFICATIVOS

Podemos afirmar que a principal mudança nesse sistema foi a universalização do ensino. Na década de 1990, conseguimos colocar quase todas as crianças - cerca de 97% - nas escolas públicas. Isso é um feito importantíssimo, pois até o início daquela década havia um grande percentual de crianças que deveriam estar frequentando a escola, mas estavam fora dela. Hoje temos mais de 30 milhões de crianças que vão para a escola todos os dias. É praticamente a população da Argentina! Essa universalização justifica a existência de sistemas de avaliação bem consolidados, que permitem conhecer como a escola está funcionando. Os responsáveis pela educação básica (secretários, diretores, professores) precisam ter informações que os auxiliem na formulação de políticas e nas suas práticas pedagógicas. Por exemplo, para combater a repetência, algumas redes de ensino fundamental, municipais e estaduais, organizaram suas escolas em ciclos, evitando assim a repetência e uma de suas conseqüências mais diretas, a evasão. São longos ciclos de escolarização em que não há repetência entre os anos escolares.(BONAMINO, site )

Temos alunos na escola por tempo suficiente? As atividades da escola são suficientes para que os alunos estejam melhor preparados para a vida em sociedade e para o bom uso do tempo escolar?
Apesar da crise, nós conseguimos colocar todas as crianças na escola. Nesse nível, o Estado se fez presente. Entretanto, não conseguimos avançar em uma política orgânica que contemple as necessárias articulações entre os diferentes níveis de ensino.”

O SAEB faz um acompanhamento periódico das habilidades dos alunos em determinadas séries do Ensino Fundamental e Médio, permitindo acompanhar a evolução da qualidade de ensino oferecido em nossas escolas de educação fundamental e média. O mesmo acontece com as avaliações que foram sendo implementadas pelos estados, a partir da década de 1990”.



Resumo aulas 5 e 6 – Dinâmica e organização Escolar - PROJETO DE ESCOLA E PROJETO DE SOCIEDADE

Conforme afirmam alguns autores, como Paulo Freire, não existe neutralidade no ato de ensinar. Por mais que estejamos desapercebidos do fato, somos orientados por questões ideológicas – culturais e históricas – na nossa atuação como docentes.
Os desafios decorrentes da mudança de eixo, do conhecimento para a capacidade de conhecer, e do foco central, do professor que ensina para o aluno que aprende, geram na escola impactos profundos.
Falamos hoje em universalização do acesso à educação, mas, quando falamos em “escola para todos” de qual escola estamos falando? Quem são todos? Nos referimos à mesma escola para todos ou há várias e distintas escolas?

“Sem dominar aquilo que os dominantes dominam, os dominados não chegam a se libertar da dominação. (Demerval Saviani)

“Desconfio de cursos que estabelecem metas específicas que podem ser definidas mês a mês, semestre a semestre ou ano a ano, porque os jovens não vão adquirir uma formação consistente por esse procedimento. É preciso fazer com que vivenciem um ambiente de rico, intenso e exigente estímulo intelectual. Se a universidade dispuser desse ambiente, os jovens terão uma formação sólida, e vão atuar nas escolas nessa mesma direção”. (Demerval Saviani)



Resumo aulas 6 e7 – Dinâmica e Organização Escolar

O LUGAR DA ESCOLA NO TEMPO E NA CULTURA

Imagine uma escola que funciona em uma pequena aldeia. As famílias que ali residem interessam-se diretamente pelo que acontece na escola e suas ações complementam as ações pedagógicas desenvolvidas no espaço escolar. A relação comunidade-escola é direta, a escola busca perceber e respeitar o que essas famílias trazem e fazem e ofertar novos saberes para os estudantes. Nessa escola, que podemos supor completamente alinhada aos interesses e necessidades da comunidade, é parece haver pouco lugar para o conflito.
Provavelmente, questões sociais – não pedagógicas – terão espaços específicos para sua discussão e resolução nesse grupo social. Nessa escola, o foco será apenas desenvolver ações de ensino-aprendizagem, e o trabalho com os conhecimentos acadêmicos instituídos e legitimados por essa sociedade.
Consegue pensar essa escola como um lugar real? Ou mesmo essa comunidade? Bem, caso exista uma instituição escolar ou um grupo social tal qual imaginamos aqui, difere muito da realidade da nossa educação.
Se durante muito tempo se ia à escola para aprender o mundo, a sensação que se tem,
hoje, é de que o mundo não cabe mais na escola, e que ele pode ser melhor percebido através de outras fontes de informação.

Segundo Saviani, cada concepção pedagógica está relacionada a maneira como a sociedade é percebida, ou seja, as práticas pedagógicas se relacionam ao seu contexto cultural e social.
Grosso modo, podemos dizer que, no que diz respeito à questão da marginalidade, as teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos. Num primeiro grupo, temos aquelas teorias que entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. Num segundo grupo, estão às teorias que entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização. (...)Nesse contexto, a educação é entendida como inteiramente dependente da estrutura social geradora de marginalidade, cumprindo aí a função de reforçar a dominação e legitimar a marginalização.

TEORIAS NÃO-CRÍTICAS

Pedagogia Tradicional
A escola se organiza, pois, como uma agência centrada no professor, o qual transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos.

Pedagogia Nova
A educação será um instrumento de correção da marginalidade na medida em que contribuir para a constituição de uma sociedade cujos membros, não importam as diferenças de quaisquer tipos, se aceitem mutuamente e se respeitem na sua individualidade específica.
(...) Em suma, trata-se de uma teoria pedagógica que considera que o importante não é aprender, mas aprender a aprender.

Pedagogia Tecnicista
A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, essa pedagogia advoga a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional.

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS

Teoria Do Sistema De Ensino Enquanto Violência Simbólica
A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais. Pela reprodução cultural, ela contribui especificamente para a reprodução social. (...) Toda tentativa de utilizá-la como instrumento de superação da marginalidade não é apenas uma ilusão. É a forma através da qual ela dissimula, e por isso cumpre eficazmente, a sua função de marginalização.

Teoria Da Escola Enquanto Aparelho Ideológico De Estado (AIE)
O AIE escolar, em lugar de instrumento de equalização social constitui um mecanismo construído pela burguesia para garantir e perpetuar seus interesses.

Teoria Da Escola Dualista
Essa teoria foi elaborada por C. Baudelot e R. Establet e exposta no livo L’école capitaliste en France (1971). Chamo de "teoria da escola dualista" porque os autores se empenham em mostrar que a escola, em que pese a aparência unitária e unificadora, é uma escola dividida em duas (e não mais do que duas) grandes redes, as quais correspondem à divisão da sociedade capitalista em duas classes fundamentais: a burguesia e o proletariado.





Resumo aulas 9 e 10 – Dinâmica e Organização Escolar

A ESCOLA DE HOJE, MATERIAL E VIRTUAL: A ESCOLA QUE ESTÁ SENDO CONSTRUÍDA ATRAVÉS DA EAD

A LDBen 9394/96 foi a primeira lei de ensino brasileira a citar, nominalmente, a função educacional da EAD. Vejamos o que consta no artigo 80 dessa lei:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

Hoje, a EAD é reconhecidamente, uma modalidade tão importante e respeitada quanto a presencial, uma alternativa equivalente, quando desenvolvida de forma consistente, zelando pela qualidade do ensino, da metodologia empregada e dos resultados.
Estudar a distância constitui uma alternativa muito interessante para quem trabalha, já que evita o afastamento do trabalho e deslocamentos, às vezes bastante longos, até o local de estudos. Otimiza o tempo e os esforços, tanto de alunos quanto de professores.
Outra característica importante da EAD é que alguns aspectos valorizados pelas teorias sociointeracionistas contemporâneas para a construção de conhecimentos pelos alunos estão presentes e constituem, mesmo, fatores indispensáveis ao sucesso nos estudos nessa modalidade. A autonomia para estudar, a disciplina para a organização de agendas de estudo, a habilidade de leitura, de pesquisa e de elaboração de estratégias de estudo que se desenvolvem nos alunos são constituintes indispensáveis para “aprender a aprender”. Assim, além dos conteúdos específicos, os estudantes, em especial os professores, desenvolverão habilidades e competências que deverão ajudar seus próprios alunos a desenvolver.

O amadurecimento da EAD, que hoje pode lançar mão das TIC e criar percursos de estudo com alto nível de interação entre professores, alunos e comunidades de produção e disseminação de informação e conhecimento, nos leva a pensar que uma nova escola está nascendo. Nela, atividades presenciais e a distância poderão ocorrer, de acordo com as necessidades, especificidades dos conteúdos de estudo, as condições geográficas e de deslocamento, as características e as possibilidades dos estudantes dos educadores e instituições de ensino..
Um dos programas de maior crescimento e potencial de interferir positivamente na qualidade do trabalho docente é a Universidade Aberta do Brasil – a UAB. É um movimento iniciado em 2005 que vem crescendo e se consolidando, amadurecendo a idéia de interiorizar e democratizar o acesso ao Ensino Superior de qualidade no Brasil.



Resumo aulas 11 e 12 – Dinâmica e Organização Escolar

BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: A HISTÓRIA DA ESCOLA – 1ª parte

Podemos, de uma forma sintética, tomar como ponto de partida a concepção de que a função principal da escola é ser a responsável pela formação dos novos membros de uma sociedade. Seria, então, a agência privilegiada de disseminação de informações relevantes para a vida em comum, dos valores e das práticas socialmente relevantes, tanto para a sociedade quanto para o próprio indivíduo. Seria ainda uma continuação da formação familiar visando a preparar os indivíduos para assumir seus papéis na sociedade à qual se integram.
O desenho de uma sala de aula chamada tradicional, por exemplo, é propício para a formação de operários acostumados a um sistema hierárquico de comando, ao cumprimento de ordens, atendimento a comandos sonoros e ao trabalho repetitivo, silencioso e ordeiro. Essas seriam competências necessárias, sobretudo, para a formação de mão-de-obra para as manufaturas e, posteriormente, para a indústria, em geral.
A classificação, promoção ou eliminação de alunos do sistema reproduziria, na escola, os mecanismos que sublinham e justificam as próprias diferenças sociais. Ao longo do tempo, a idéia de uma escola para todos têm sofrido interpretações e adequações relativas à própria idéia de igualdade.

História da Escola Pública no Mundo

SECULO XVI - Influências dos ideais humanistas do Renascimento.
· Reforma Religiosa - Martinho Lutero prega a educação para todos poderem ter acesso ao conteúdo da Bíblia.
· 1524 - Lutero escreve e distribui a "Carta aos regedores de todas as cidades alemãs para que estabeleçam e mantenham escolas cristãs".

SECULO XVII - Evolução das ideias pedagógicas
· 1619 - 1° Estatuto Escolar - Ducado de Weimar.
· 1642 - Criada a 1ª regulamentação do ensino público, no Ducado de Gota (Alemanha).
· 1642 - 1ª Lei escolar norte–americana.

SECULO XVIII - Século das Luzes
· 1717 - Frederico Guilherme I fala pela 1ª vez do princípio da obrigatoriedade
· 1763 - La Chatolais publica "Ensaio da Educação Nacional", onde fala sobre a laicidade da escola, e do objetivo de formar cidadão úteis.
· 1789 – Revolução Francesa - Igualdade, Liberdade, Fraternidade
· Declaração Universal dos Direitos do Homem - Educação do Cidadão para si mesmo e para a pátria.
· A educação passa a ser vista como um direito
· Abril de 1792 - Condorcet apresenta à assembléia da França pósrevolução seu "Relatório e projeto de decreto". Alguns pontos principais:
* Universalização do ensino
* Ensino gratuito em todos os graus
* Escola laica
* Conteúdo independente de forças políticas e poder estatal

SECULO XIX - Revolução industrial
Século onde se estabelece os grandes sistemas nacionais de educação nos países europeus e americanos.
· 1833 Lei de Guizot - base da organização escolar francesa.
· 1850 - Estabelecida a escola pública primária nos EUA.
· 1860 - Implantação dos "Jardins de Infância" na Alemanha.
· 1870 - Lei proposta pelo ministro Forster (Inglaterra) - Base da educação primária inglesa. Respeita e subvenciona as escolas particulares existentes e cria públicas onde não houver.
· 28 de março de 1882 - lei escolar de Jules Ferry (França) estabelece de fato a obrigatoriedade escolar e a laicidade no ensino público primário.

SECULO XX
· 1948 - A Assembleia Geral das Nações Unidas publica a "Declaração Universal dos Direitos Humanos".
Diz o artigo 26:
Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnicoprofissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.



Resumo aulas 13 e 14 - Dinâmica e Org. Escolar

2-  BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: A HISTÓRIA DA ESCOLA – 2ª parte: BRASIL

Embora a educação no Brasil tenha se feito presente  desde o início da colonização, a partir da ação de  Franciscanos e Jesuítas, caracterizando-se como ensino  religioso, só no século XIX registra-se o surgimento da escola pública.
O fenômeno da escolarização em massa, configurado a partir da segunda metade do século XIX, apresentou  muitos aspectos comuns de abrangência global, entre eles: a obrigação escolar, a responsabilidade estatal pelo  ensino público, a secularização do ensino e da moral, a nação e a pátria como princípios norteadores da cultura  escolar, a educação popular concebida como um projeto de consolidação de uma nova ordem social (PEREIRA et alli. Site).

ALGUNS MARCOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL SECULOS XVI, XVII e XVIII
• Educação Jesuítica 1549 a 1759
• Em 1759, expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal, que cria as aulas  régias de Latim, Grego e Retórica, autônomas e desarticuladas,  e  a Diretoria  de Estudos, cujo funcionamento foi posterior ao afastamento de Pombal.  Desmontou-se o sistema jesuítico e nada o substituiu.
SECULO XIX
• Em 1808, com a vinda da Família Real, foram criadas Academias Militares,  Escolas de Direito e Medicina, mas a educação permaneceu como tema de  menor importância.
• Em 1824, na  primeira  Constituição brasileira, o  Art. 179, a afirmação de que  a "instrução primária é gratuita para todos os cidadãos".
• Em 1826, foram instituídos, por decreto, quatro graus de instrução, a saber:  Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias.
• Em 1834 as províncias passaram a ser responsáveis pela administração do  ensino primário e secundário.
• Em 1835, surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói.
• Em 1837 foi criado o Colégio Pedro II.
SECULO XX
• Várias reformas educacionais de âmbito estadual: no Ceará, a de Lourenço  Filho (1923), na Bahia, a de Anísio Teixeira (1925), em Minas, a de Francisco  Campos e Mario Casassanta, (1927), no Distrito Federal (Rio de Janeiro), a  de Fernando de Azevedo (1928) e em Pernambuco, a de Carneiro Leão  (1928).
• Em 1934, criação da  Primeira Universidade de  São Paulo (SP).
• Em 1935 Anísio Teixeira cria a Universidade do Distrito Federal, no Rio de  Janeiro (RJ).
• Em 1942, criação do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ).
• Em 1946, criação do SENAC (Serviço  Nacional de Aprendizagem Comercial).
• Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961.
• Lei 5692, de Diretrizes e Bases da  Educação Nacional, em 1971, tendo como  característica principal a formação  educacional de caráter profissionalizante.
• Lei 9394 de dezembro de 1996, que se  refere, pela primeira vez, à modalidade de  educação à distância.
• (BELLO, 2001)



Resumo aulas 15 e 16 – Dinâmica e Organização Escolar


CONSTITUIÇÕES, LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A ESCOLA:  Organização E Ritos Da Escola – Como A Sociedade E Escola Se Organizam e Estabelecem Seus Ritos

A preocupação com o acesso a uma escola de  qualidade variou ao longo do tempo, como também variaram os próprios conceitos de acesso e qualidade  tiveram conotações distintas. Os conceitos de obrigatoriedade e gratuidade variaram desde o início de nossa  história. A possibilidade de uma escola laica foi, também, resultado de um embate entre tendências religiosas  e  de separação entre  educação e ensino religioso .

 1824 - A primeira Constituição do Brasil voltada para  as questões sociais, foi a mais   duradoura. Em Lei  15 de outubro de 1827 o Imperador D. Pedro determina que “ Em todas as  cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem  necessárias.” Art. 1º
 1891 - Aprovação da primeira  Constituição Republicana- Nela, a questão da Educação  aparece restrita  a cada estado da federação e o tema principal seria o da autonomia de cada   unidade. Apenas a formação militar e o ensino superior seriam questões do âmbito federal.
 1934 - Aprovação de nova Constituição com um capítulo dedicado às responsabilidades de   estados e da União referentes à Educação. Caberia então, à  União  a definição de diretrizes 
da educação nacional (ver art. 5º) e de um  plano nacional de educação   que permitisse   coordenar e fiscalizar     o ensino  de todos os graus e ramos em todo o território do país (ver   art. 150) sem abalar a autonomia dos estados. Assim seria ainda garantida a obrigatoriedade   da escolaridade primária.
 1937 - Promulgação, pelo Estado Novo, de uma nova Constituição que atribuía à União a o   estabelecimento das bases e da normatização da educação em todo o território brasileiro e   destituía  o plano nacional da educação.
 1946 - Fim do Estado Novo, elaboração de uma nova  Constituição  e retomada das  idéias   educacionais da Constituição de 1934. Encaminhamento das discussões rumo à primeira  Lei   de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
 1961 - Aprovação da primeira Lei de Diretrizes e bases da educação nacional.  foi aprovada  em. Dez anos LDB depois ela foi substituída por uma nova versão, a LDB 9672 de 1971.
 1988 - Promulgação de nova constituição. Após 8 anos,  em  1996,  foi sancionada a LDB  vigente até hoje no país. A Constituição Federal de 1988 tem sido considerada a mais  democrática do Brasil, sobretudo pela participação popular. Mais de 12 milhões de brasileiros  tiveram algum tipo de colaboração na formulação de122 emendas populares.





Resumo aulas 17 e 18  - Dinâmica e Organização Escolar

 O QUE E COMO SE APRENDE NA ESCOLA? O DIÁLOGO ENTRE  COMUNIDADE E ESCOLA

O ingresso das classes com menor acesso à renda e ao  conhecimento socialmente valorizado vem exigindo da escola um movimento diferente no tratamento dos  conteúdos usualmente denominados humanidades.
Comenius, o chamado “pai da Didática”, apresentou a proposta de ensinar “de tudo a todos”. Embora  bastante ambiciosa, chamava a atenção para um aspecto da maior importância: o método. Uma maneira especial  de tratar o conteúdo da aprendizagem e o próprio aprendia faz toda a diferença, realmente, no processo de  ensinar e de aprender.
A família tem seus códigos,  valores e saberes. Eles devem entrar na escola não como objetivos em si, com nos assinala Saviani. Entrar na  escola para aprender o que já se sabe transforma-se em falácia, em um ritual perverso, porque aumenta na  mesma medida, a expectativa dos mais pobres e o fosso social entre aqueles com trânsito natural pelo saber  socialmente valorizado e aqueles que contam basicamente com a escola para superar tal barreira viver  plenamente sua condição de cidadão.

No Brasil, tem havido uma tendência, apoiada em políticas públicas, de   aumentar o envolvimento familiar na escola. Apesar dessas iniciativas, cuidados devem  ser tomados para que cada instância cumpra seu legítimo papel no processo de   escolarização.
Para fazer a transposição do conhecimento do conteúdo específico para a sala de aula, conhecer os  alunos é fundamental, posto que as suas aprendizagens dependem de experiências prévias, de sua relação com o  saber e do contexto em que vivem.
A articulação entre os diversos segmentos que compõem a escola, a discussão sobre a formação de  licenciados, a criação de espaços e mecanismos de participação e exercício democrático das relações de poder  colocam-se como prerrogativas fundamentais para a problematização da escola que temos e para a sinalização  da escola que queremos.



Resumo aulas 19 e 20 – Dinâmica e Organização Escolar


PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN): AS BASES DA EDUCAÇÃO  QUE SE FAZ NA ESCOLA

A escola ainda ocupa papel central na democratização do acesso a esses bens, em especial, à língua  falada e escrita, ao raciocínio matemático e à compreensão da linguagem e do saber científico. Definir  parâmetros educacionais significa oferecer elementos norteadores para a educação que precisa se diversificar  para atender às múltiplas realidades de nosso país, sem perder o foco do acesso ao conhecimento estruturado e  socialmente valorizado.

Realizar uma leitura dos textos introdutórios aos PCN propriamente ditos é de grande importância para  que possamos, nós mesmos, formar nosso julgamento a respeito da pertinência dos mesmos. É o que propomos  a partir de agora, acrescentando um texto para uma breve leitura de alguns destaques dos PCN.
Nesse sentido, o propósito do Ministério da Educação e do Desporto, ao consolidar os 
Parâmetros, é apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo  atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e 
deveres. (PCN, 1997)



Resumo aulas 21 e 22 – Dinâmica e Organização Escolar


MATERIAIS, RECURSOS, REPOSITÓRIOS E PROGRAMAS VOLTADOS À  QUALIDADE DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

Há mais de uma década, no sentido de prover escolas  públicas de laboratórios de informática e de acesso à Internet. Mesmo em escolas sem acesso à Internet, os  computadores fornecidos aos laboratórios podem chegar à escola com conteúdos digitais em seus discos rígidos  ou em mídias digitais, como cd-rom, DVD ou outras unidades de armazenamento removíveis.
Mas isso não basta: o professor precisa conhecê-los e utilizá-los em suas atividades. A apropriação das tecnologias de informação e comunicação, as TIC, se insere duplamente nesse
repertório. Primeiro, como parte da própria bagagem cultural de nosso tempo e ainda como instrumento  potencialmente importante para acesso, construção e disseminação do conhecimento. Essa característica de  constituir instrumental da própria aprendizagem imprime às TIC um interesse especial. Com as TIC,  professores e alunos podem, em conjunto, pesquisar, produzir, armazenar e disseminar os produtos de suas  aprendizagens coletivas e individuais. Utilizando tecnologias digitais têm sido criados, no mundo todo, além de  espaços de publicação e de comunicação em várias áreas do conhecimento, inúmeros espaços para acesso aos chamados “objetos educacionais”.
Podemos definir como objetos de aprendizagem textos, arquivos de áudio e vídeo, jogos, enfim, todo  material em diferentes mídias que possam ser utilizados com objetivo educacional. O professor pode construir  com seus alunos hipermídias (produções de conteúdo que utilizam múltiplas linguagens e mídias)  contextualizadas que combinam recursos e constituem novas possibilidades de aproximação do conhecimento.
Repositórios são, por sua vez, coleções desses objetos, disponibilizados a professores e alunos. A partir desses  objetos pode-se, inclusive, criar objetos e apresentações mais complexas.





Resumo aulas 23 e 24 – Dinâmica e Organização Escolar 

EDUCAÇÃO E SISTEMA EDUCACIONAL: VISÃO GERAL


Um sistema pode ser  constituído de múltiplos subsistemas. Essa situação ilustra bem o conceito de sistema que se  costuma utilizar.
A característica principal de um sistema é exatamente a articulação de processos,  instrumentos e procedimentos para que uma função específica seja exercida adequadamente.
Falando de uma forma mais estruturada, um sistema pode ser definido como um conjunto de  elementos que se interrelacionam e interagem para desempenhar uma determinada função. Esses processos, inclusive, referenciam classificações de sistemas como, por exemplo, em  fechados (aqueles em que os processos têm início e fim internamente ao sistema, como alguns  circuitos fechados), abertos (nos quais processos internos e externos ao sistema se interconectam,  como sistema financeiro), naturais (sistemas que identificamos no organismo, na natureza, como  sistema digestivo), artificiais (os que são fruto da engenhosidade humana, como a internet).
Podemos observar um sistema de forma mais geral ou particular, com foco em uma ou mais  funções, segundo nosso interesse. Os sistemas, ou ainda, as relações sistêmicas são o foco de  estudos da teoria geral de sistemas.
Nos primeiros trabalhos publicados pelo biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy, entre  1950 e 1968, estão as primeiras referências à teoria geral de sistemas. Ela surge como uma proposta  de compreensão para a interseção entre ciências exatas, humanas e sociais. Possibilita o estudos de  fenômenos que, apesar de integrados  pertencem a universos e realidades complexas e particulares.
Fazem parte do  sistema educacional brasileiro escolas, alunos, professores e profissionais de  gestão, administração e apoio educacional. A vida escolar, a formação e as  atribuições dos que atuam na escola é regulada por leis e determinações técnico-
pedagógicas, está estruturada em níveis educacionais e se conecta a outros  sistemas voltados à cultura, à saúde e à alimentação.
Se analisarmos sob o ponto de vista do alcance , verificamos que o sistema  educacional brasileiro é organizado em níveis de ensino. Nele, o ensino  fundamental e o ensino médio constituem a Educação Básica, e o Ensino Superior  é constituído por Graduação e Pós-Graduação.
Se o analisarmos do ponto de vista das redes de ensino público, constatamos a existência de  redes municipais, estaduais e federal de educação, que envolvem sistemas de ensino, políticas  específicas, legislação própria, procedimentos normalizados, escolas, profissionais e infraestrurura.
Para compreender melhor como o sistema educacional brasileiro é organizado, leia o texto  na íntegra. Atente para um diagrama apresentado logo no início do capítulo, através dele será  possível uma ideia geral e rápida sobre as modalidades e níveis da educação no Brasil.
Porém, este texto ainda apresenta o Ensino Fundamental de 8 anos. Atualmente essa etapa  foi acrescida de mais um ano, com a inclusão das crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Em 6 de fevereiro de 2006, a Lei no 11.274,institui o ensino fundamental de nove   anos de duração com a inclusão das crianças de seis anos de idade.
Com a aprovação da Lei no 11.274/2006, ocorrerá a inclusão de um número   maior de crianças no sistema educacional brasileiro, especialmente aquelas pertencentes  aos setores populares, uma vez que as crianças de seis anos de idade das classes média e   alta já se encontram, majoritariamente incorporadas ao sistema de ensino – na pré-escola ou na primeira série do ensino fundamental.(...)
A implantação de uma política de ampliação do ensino fundamental de oito para  nove anos de duração exige tratamento político, administrativo e pedagógico, uma vez   que o objetivo de um maior número de anos no ensino obrigatório é assegurar a todas as   crianças um tempo mais longo de convívio escolar com maiores oportunidades de   aprendizagem.
Ressalte-se que a aprendizagem não depende apenas do aumento do tempo de  permanência na escola, mas também do emprego mais eficaz desse tempo: a associação  de ambos pode contribuir significativamente para que os estudantes aprendam mais e de  maneira mais prazerosa.
Para a legitimidade e a efetividade dessa política educacional, são necessárias   ações formativas da opinião pública, condições pedagógicas, administrativas,   financeiras, materiais e de recursos humanos, bem como acompanhamento e avaliação  em todos os níveis da gestão educacional. (MEC, 2007)
Se quiser saber mais sobre a implementação do ensino fundamental de nove anos, poderá  consultar o documento: Ensino Fundamental De Nove Anos Orientações Para A Inclusão Da  Criança De Seis Anos De Idade, disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/ensifund9anobasefinal.pdf



Resumo aulas 25 e 26 – Dinâmica e Organização Escolar


EDUCAÇÃO E SISTEMA EDUCACIONAL: SISTEMAS DE AVALIAÇÃO

Em geral, o processo de avaliação  consiste na articulação de diferentes mecanismos para a constatação dos resultados alcançados em um  determinado ponto de um processo, tendo como referencial objetivos previamente estabelecidos. Luckesi  nos alerta para o risco de desvio de entendimento do complexo processo para os exames que dele fazem  parte. De todo modo, avaliar pressupõe, em certo nível, algum critério de mensuração de resultados.
Para este estudo, podemos tomar como ponto de partida o entendimento de avaliação a partir de  quatro grandes funções definidas por Natriello (1987):
1. Certificação (que indica o nível alcançado pelo aluno no sistema),
2. Selecção (que avaliza a entrada de alunos em um determinado ponto do sistema)
3. Orientação (que, a partir do conhecimento dos resultados, permite a orientação dos alunos no  sistema)
4. Motivação (que possibilita aos próprios alunos, a partir da consciência dos resultados, o  direcionamento dos esforços educativos).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP – é o órgão do Ministério da Educação dedicado à pesquisa em educação e tem como objetivo fornecer  subsídios à formulação de políticas públicas na área educacional. Programas de avaliação como o ENEM, o  ENADE, o Censo Educacional nos diferentes níveis de ensino como a Prova Brasil e a avaliação  institucional são algumas das ações do INEP voltadas à pesquisa e à avaliação da educação brasileira.
O  INEP é responsável pela publicação de estudos e análises dos  resultados de pesquisas na área, bem como de conteúdo educacional qualificado como teses, dissertações e  ensaios técnicos.

• Censo Escolar   : levantamento de informações estatístico-educacionais de âmbito nacional, realizado  anualmente;
• Censo Superior   : coleta, anualmente, uma série de dados do ensino superior no País, incluindo cursos de  graduação, presenciais e à distância.
• Avaliação dos Cursos de Graduação   : é um procedimento utilizado pelo MEC para o reconhecimento ou  renovação de reconhecimento dos cursos de graduação representando uma medida necessária para a emissão  de diplomas.
• Avaliação Institucional   : compreende a análise dos dados e informações prestados pelas Instituições de Ensino  Superior (IES) no Formulário Eletrônico e a verificação, in loco, da realidade institucional, dos seus cursos de  graduação e de pós-graduação, da pesquisa e da extensão.
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior   : Criado pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, o
Sinaes é o novo instrumento de avaliação superior do MEC/Inep. Ele é formado por três componentes  principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.
• Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)   : exame de saída facultativo aos que já concluíram e aos concluintes  do ensino médio, aplicado pela primeira vez em 1997.
• Exame Nacional Para Certificação de Competências (Encceja)   : é uma proposta do Ministério da Educação de  construir uma referência de avaliação nacional para jovens e adultos que não puderam concluir os estudos na  idade própria.
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb)   : pesquisa por amostragem, do ensino fundamental  e médio, realizada a cada dois anos.  (INEP)

Dê especial atenção aos exames ENEM, ENADE, SAEB, Prova e Provinha  Brasil.

O Exame Nacional do Ensino Médio(Enem) é uma prova criada em 1998pelo Ministério da Educação do Brasil que é utilizada como ferramenta para avaliar a qualidade geral do ensino médiono país. Posteriormente, o exame começou a ser utilizado como exame de acesso ao ensino superior em universidades públicas brasileiras através do SiSU (Sistema de Seleção Unificada). O Enem é o maior exame do Brasil, que conta com mais de 4,5 milhões de inscritos divididos em 1.698 cidades do país.[1]
A prova também é feita por pessoas com interesse em ganhar bolsas integrais ou parciais em universidades particulares através do ProUni (Programa Universidade para Todos). A partir de 2009, o exame serve também como certificação de conclusão do ensino médio em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), antigo supletivo, substituindo o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) é uma prova escrita, aplicada anualmente, usada para avaliação dos cursos de ensino superior brasileiros. A aplicação da prova é de responsabilidade do INEP, uma entidade federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC).
Participam desta avaliação os alunos ingressantes e concluintes no ensino superior. O aluno que deixa de participar do Enade é impedido de concluir o curso, não recebendo seu diploma.

 O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um conjunto de sistemas de avaliação do ensino brasileiro, desenvolvido e gerenciado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, autarquia do Ministério da Educação (MEC).
O SAEB é realizado de dois em dois anos por amostragem de alunos. Esse sistema, também conhecido por Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb), produz informações a respeito da realidade educacional por regiões brasileiras.

A Prova Brasil criada, em 2005, pelo Ministério da Educação, é uma avaliação complementar ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e um dos componentes para o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica(Ideb). Ela é realizada a cada dois anos e participam todos os estudantes de escolas públicas urbanas do 5° e do 9º ano de turmas com mais de 20 alunos. A avaliação é dividida em duas provas: Língua Portuguesa, onde é medida a capacidade de leitura, interpretação de textos e de fixação da mensagem. E a Prova de Matemática onde é avaliado o raciocínio em contexto com a realidade do aluno.[1]
Após a realização do exame, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela sua aplicação, envia um boletim de desempenho individual e materiais com informações adicionais para todas as escolas participantes.

Provinha Brasil é um instrumento de avaliação da alfabetização concebido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), e disponibilizado para uso das secretarias estaduais e municipais de educação em suas redes.
O objetivo é oferecer aos gestores públicos e aos professores de suas redes informações sobre o nível de alfabetização dos alunos, ainda no início do processo de aprendizagem, permitindo assim intervenções com vista à correção de possíveis insuficiências apresentadas nas áreas de leitura e escrita.








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3 - EDUCAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA



Efeito estufa
Principal responsável - Os gases de estufa (dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), Óxido nitroso (N2O),CFC´s (CFxClx) absorvem alguma radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e radiam por sua vez alguma da energia absorvida de volta para a superfície.
Consequências -  Como consequência disso, o calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. A superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do Sol e a superfície fica cerca de 30 °C mais quente do que estaria sem a presença dos gases «de estufa».

Depleção da camada de Ozônio
Principal responsável - CFCs e outras substâncias contribuidoras são comumente referidas comosubstâncias depletoras de ozônio (ODS).
Consequências - Suspeita-se que uma variedade de efeitos biológicos, tais como o aumento da câncer de pele, cataratas, danos às plantas, e redução da população de plâncton no oceano na zona fótica podem resultar da maior exposição a UV que aumentou devido à depleção do ozônio.

Desertificação
Principal responsável - Degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas".
Consequências - O solo de determinados lugares começa a ficar cada vez mais estéril. Há também erosão genética da fauna e flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas.

Biopirataria
Principal responsável – Indivíduos que comercializam, sem autorização,  informações de um grupo de indivíduos acumuladas por anos, e que portanto, são bens coletivos;   e material biológico como qualquer objeto de mercado.
Consequências - Causa risco de extinção a inúmeras espécies da fauna e da flora, com o contrabando das mesmas - retirando-as de seu habitat natural.



Principais reuniões Internacionais em benefício à causa do meio ambiente:

Clube de Roma – Ocorrida em Roma, Itália em 1968 com a participação de “30 notáveis”. O relatório da reunião concluiu que para a sobrevivência no planeta, o homem teria que mudar a forma de exploração dos recursos, buscando maior racionalidade e planejando em longo prazo.

Assembléia das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Ocorrida em Estocolmo, na Suécia, em 1972 com a participação de 113 países. Foram discutidos os principais problemas ambientais mundiais e as obrigações de indivíduos e Estados para com o Planeta.

1ª reunião da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD/Assembléia Geral das Nações Unidas) – Ocorrida na Noruega em 1983. Nessa reunião houve a constatação que a população humana consome, atualmente, 20% dos recursos além da capacidade de reposição dos sistemas naturais e que, portanto, os padrões atuais de produção e consumo necessitariam ser mudados.

2ª reunião da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD/Assembléia Geral das Nações Unidas) ou Cúpula da Terra – Ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. Foi o maior evento até então realizado sobre temas ambientais. Foram estabelecidos 5 acordos: a Agenda 21, é o mais importante dos 5 acordos e propõe metas gerais mundiais para atingir a sustentabilidade no século 21, tendo sido aprovada e assinada por 172 países.

Convenção das Nações Unidas sobre o Clima ou Convenção de Kyoto – Ocorrida no Japão em 1997. Derivou da Convenção sobre Mudanças Climáticas, ocorrida durante a Rio 92. O documento gerado dessa reunião ficou conhecido como Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução para emissão de gases causadores de mudanças climáticas e outros efeitos globais.




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4 _ ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE



Resumo aula 9 - O adolescente e as questões da sexualidade – Francisco R. de Farias
Do ponto de vista histórico, a questão da sexualidade era  praticamente desvinculada da temática referente ao amor. A prática sexual  somente poderia acontecer mediante um acontecimento social: o casamento,  salvo as exceções relacionadas às práticas das casas de luxúria, prostíbulos,  além das conhecidas casas dos prazeres.
O cenário do mundo contemporâneo é completamente diferente do mundo  antigo. Assiste-se a uma grande mudança: os pais, que tinham a função de  controlar a vida sexual dos filhos, interditando o acesso às práticas sexuais,  atualmente assumem a função de orientadores sobre a sexualidade e os riscos  que podem decorrer de práticas sexuais sem uma devida reflexão e ponderação.

UM POUCO DE HISTÓRIA: ACONTECEU NA GRÉCIA

Quando estamos no âmbito da experiência amorosa, temos de  entendê-la em termos de reciprocidade. Algo que somente é possível na  esfera das relações mediadas pelos arranjos subjetivos, ou seja, aquilo que  somente ocorre no âmbito das experiências dos seres falantes. Então, que nome daremos ao sentimento que temos pelos animais, plantas e natureza? Poderíamos falar de afeição, mas não de amor. Explicando melhor: a
experiência amorosa, fundamental à vida, tem certas características que  somente podem ser compreendidas na condição humana.
Os gregos distinguiam quatro espécies de situações amorosas, ou  quatro tipos de philia: a) physikè, que era o tipo de amor estabelecido entre quem têm vínculos de consanguinidade; b) hétairikè, que era o amor entre amigos, ou seja, os vínculos de amizade; c) erotikè, que era o relacionamento revestido de sexualidade entre pessoas de mesmo sexo ou de sexo diferente; d) xénikè, que era o amor entre anfitrião e hóspede. A respeito dessa quarta modalidade de experiência amorosa, certas tradições são bastante curiosas, como temos notícias das práticas realizadas por procusto, de quem se popularizou a expressão “leito de Procusto”.
As diferentes modalidades de vínculos amorosos que, para os gregos, eram de quatro tipos: o amor entre amigos, o amor da hospitalidade, o amor relativo ao vínculo consanguíneo e o amor para fins genitais.

Se, na atualidade, os adolescentes diferenciam três possibilidades na vida erótica  –“ficar”, namorar e ter relações sexuais  –, devemos refletir qual o sentido da sexualidade para os jovens, principalmente em termos das informações que circulam. Também deve ser considerada a possibilidade de discussão dessas questões no âmbito das relações entre pais e filhos.
A diferença entre o sexo e o amor, estabelecida pelos gregos, era representada por tipos de relações que incluíam a amizade, os vínculos de consanguinidade e relações genitais. Essas últimas eram consideradas relações amorosas no campo das práticas sexuais, enquanto que as demais eram somente relações estabelecidas por vínculos amorosos, tanto a amizade quanto a afeição, como a hospitalidade.
Na atualidade, os adolescentes estabeleceram termos próprios para indicar quando as relações estabelecidas são de uma natureza mais superficial, ou seja, são experiências passageiras e de descobertas, agrupadas no termo “ficar” (que não significa maiores
compromissos), e as relações amorosas propriamente ditas (que podem ou não incluir práticas sexuais).

Na infância, como também na adolescência, os pais devem encarar as perguntas como fruto da curiosidade do ser humano que se encontra em desenvolvimento psicológico. Assim, é importante que os pais considerem a sexualidade como algo natural, da mesma forma que consideram naturais as demais funções vitais como alimentação, sono,  respiração, entre outras. Por isso, nada melhor do que o diálogo de forma franca, e ninguém melhor que os pais para estabelecer as questões dos seus filhos.
Delegar a outras pessoas a responsabilidade de informar os filhos sobre sexualidade não é uma boa recomendação, mesmo que se trate de professores ou outros profissionais que conheçam o assunto do ponto de vista científico. Isso quer dizer que, dificilmente, existirá alguém que substitua os pais nessa tarefa. A essa altura, temos de fazer uma advertência: a inocência da criança e do adolescente jamais deve ser considerada como ignorância, e sim como pureza de conhecimento.
A masturbação é uma das primeiras expressões da sexualidade no sentido da obtenção de prazer. Porém devemos advertir que tanto a proibição quanto a excessiva permissividade causam os mesmos problemas, uma vez ambas as atitudes dos pais não são indicadoras de limites para os filhos.
Os pais devem conversar com seus filhos sobre sexo e reprodução, pois se não tomarem a frente dessa tarefa, alguém o fará, e nem sempre de forma adequada. Os pais devem encarar a sexualidade como parte do desenvolvimento do filho, ... devem impor alguns limites aceitáveis a seus filhos adolescentes, como, por exemplo, sugerir que o filho ou a filha devam atingir uma certa idade, que já tenham uma certa autonomia e que tenham uma noção das repercussões de suas ações em relação aos estudos e ao preparo para a vida profissional.

O ADOLESCENTE E AS PRÁTICAS SEXUAIS

É comum uma criança explorar, pela manipulação, o corpo de outra e nisso não há nada de anormal. Mas os agentes de socialização não devem aprová-los, e sim explicar a criança, sem dar a dimensão de algo errado ou impróprio, que o corpo tem zonas íntimas e que não podem ser tocadas por qualquer pessoa. Eis como se apresenta o sentido de privação da prática sexual.
Mas qual seria a atitude dos adultos ao saberem que tais jogos são praticados por seus filhos adolescentes? A postura a ser adotada em uma situação como essa deve ser, da parte dos pais, proibir tais jogos para, desse modo, preservar a intimidade de seu filho e, obviamente, interditar a prática da sexualidade no contexto da família, pois na maioria das vezes esses jogos são praticados entre primos.

E o que fazer quanto à masturbação?
Em primeiro lugar, os pais devem se desvencilhar de todas as crendices relacionadas à masturbação, ou seja, devem considerá-la como uma atividade sexual normal da vida do jovem, mas que pertence ao domínio de sua intimidade. Em outras palavras: a masturbação não deve ser assunto de ostentação – nem de orgulho ou de vergonha para
pais – seja no âmbito da família ou em qualquer lugar.
Os pais não devem se obrigar a tomar decisões com as quais não concordam. Porém, isso não significa que não devam refletir sobre as questões sexuais da vida de seus filhos.A pior atitude seria fazer de conta que nada sabem, pois isso seria muito prejudicial para os filhos, por ser uma forma de permissividade escamoteada. Fingir que nada sabem não deve ser uma postura adotada pelos agentes de socialização, principalmente os pais.

A homossexualidade masculina, segundo o pensamento de Sigmund Freud, parece ser o resultado da forte identificação do menino a uma mãe deprimida, que a criança tentaria consolar ante a possibilidade de um pai distante ou muito desvalorizado. Uma vez identificado à mãe, o menino estaria impedido de ter acesso à diferença sexual. Quanto à homossexualidade feminina, poderia ser o resultado de um relacionamento extremamente sedutor entre a menina e o pai, sendo a mãe desvalorizada e retraída. A menina apegada pela forte sedução ao pai não conseguiria desligar-se dele para retornar à mãe e apreender o que é ser uma mulher. Mas estamos apenas apresentando uma explicação, que deve ser objeto de reflexão e não uma verdade definitiva.
A orientação pela homossexualidade aparece muito cedo em alguns jovens, marcadamente por devaneios e não propriamente em atos sexuais. Porém a determinação final dessa orientação conta com as influências exercidas pela convivência do jovem, especialmente no âmbito das amizades. Mas é preciso advertir que não se deve confundir uma orientação “homófila” com orientação homossexual. Muitos jovens
sentem atração por pessoas do mesmo sexo, porém isso não quer dizer necessariamente que desejem manter relacionamentos sexuais e sim buscam nesses vínculos reforçar a confiança e sair da solidão. Com isso, estamos salientando que muitas amizades não se desdobram em relações sexuais, o que seria próprio da orientação homossexual.

Resumo aula 10 - Adolescência e Juventude | Escolhendo uma profissão – Francisco Ramos de Farias
Alguns seguem a profissão dos pais, outros “herdam” os negócios da família,  mas muitos precisam enfrentar o mercado de trabalho. A escolha não é fácil,  e, em um mundo cada vez mais concorrido e exigente, ter um diploma de  um curso de nível superior se torna imprescindível para ter um bom currículo.
Em princípio, a escolha de uma profissão, muitas vezes, coincide com uma  época em que o jovem encontra-se em pleno período de mudanças físicas e  psicológicas. Além do mais, em função do acelerado crescimento físico no  período da puberdade, o jovem apresenta a silhueta de um adulto. Isso faz  com que a sociedade e a família julguem que estão diante de um homem  ou de uma mulher. Por esta razão, as exigências ao jovem se multiplicam  e lhe é cobrado um posicionamento com certa urgência.
Difícil encruzilhada essa em que o jovem se vê. Ele está diante de  uma perda, os tesouros da infância, sem ter nada para colocar no lugar  daquilo que foi perdido. Além do mais, as aquisições advindas com o  processo de maturação próprio da puberdade são bastante invasivas, ou  seja, o jovem se vê diante de situações que não sabe explicar e, consequentemente, não dão mais lugar às ações da vida infantil que chamavam a atenção dos adultos.

Maturação e maturidade
É importante estabelecer a diferença entre maturação e maturidade.  Por maturação entendemos o crescimento fisiológico que tem sua maior expressão na puberdade. Corresponde à evolução da condição infantil à puberdade, entendida como o desabrochar de certas funções fisiológicas. Já por maturidade compreendemos o conjunto de transformações psíquicas necessárias ao acompanhamento das mudanças fisiológicas. A maturidade deve ser então compreendida como o ingresso na vida adulta.
Nem sempre esses processos ocorrem de forma simultânea, a ponto de haver maturação sem maturidade.

Diante dessa constatação, o que o espelho mostra ao adolescente? Abrindo um parêntese, gostaríamos de salientar que, no âmbito da experiência humana, o espelho mostra a cada um a imagem que é fruto de um olhar que antecede até mesmo o nascimento do sujeito. Quer dizer, ao nos colocarmos diante do espelho, vemos uma imagem que traz a marca do olhar dos outros.
Como entender esse importante momento da constituição de nossa subjetividade pela imagem? Podemos dizer que, antes mesmo da possibilidade de cada um de nós ver o mundo ou ver a si próprio, somos vistos por quem se encarrega de cuidar de nós e garantir nossa sobrevivência. Esse olhar nos antecede e é fundamental para a constituição de nossos arranjos psíquicos.
O olhar que nos antecede influencia decisivamente a nossa vida. Por isso, nos vemos como bonitos ou desejáveis se temos razões para acreditar que existe alguém que nos acha bonitos ou que gosta de nós. Quer dizer, o que vemos de nós no espelho é aquilo que imaginamos que os outros vêem em nós. Por esta razão, esse olhar primordial, esse primeiro olhar, é fonte de segurança e nos dá certa estabilidade para enfrentarmos a vida, principalmente se tivermos sido bem vistos, ou seja, vistos com amor. (...) esse olhar é vida. (...)é, ao mesmo tempo, fascinante, mas igualmente ameaçador para o adolescente, devido à preocupação em saber o que as pessoas vêem nele. Por ironia do
destino, é nesse momento difícil que o adolescente tem de escolher uma profissão, quando o espelho sinaliza para ele outras questões: as espinhas que aparecem no rosto, as mudanças repentinas nas formas do corpo, o aparecimento de pelos, a mudança de voz nos jovens e o aparecimento de seios nas jovens, entre outras.
Não queremos afirmar que a insegurança acontece somente na adolescência: faz parte da vida, apenas se manifesta mais intensamente nesta etapa do desenvolvimento psicológico e, também, em situações da vida em que o homem se vê diante da possibilidade de fazer uma escolha qualquer que seja. Por isso, é muito importante orientar o adolescente no momento de decisão quanto à escolha de uma profissão.

No âmbito da prática do trabalho com os jovens, conhecemos dois tipos de procedimentos utilizados para a realização da orientação profissional: o modelo clássico e a abordagem clínica. O primeiro é baseado em premissas estatísticas e, até bem pouco tempo, ficava a cargo de psicólogos e também pedagogos, quando habilitados em uma especialização para tal fim, e era feito na própria escola. Consiste no emprego de provas psicológicas para o conhecimento do tipo de inteligência, das aptidões, dos interesses e
de traços acerca da personalidade cujos resultados eram considerados para ajudar o jovem na escolha. Uma vez que os resultados dessas provas eram computados, o profissional traçava um perfil do jovem e tentava adequá-lo a um leque de características que sugeriam uma dada profissão. Assim o futuro profissional do adolescente era determinado.
A outra modalidade denominada de abordagem clínica utiliza outras estratégias, destacando a entrevista como principal instrumento no processo. Consiste em questionamentos para que o jovem tome consciência a ponto de compreender a situação que atravessa, enfrentá-la e, enfim, tomar uma decisão. Geralmente o questionamento que acontece durante as entrevistas é centrado, principalmente, em saber quais são as referências do jovem em termos do conhecimento das profissões, sendo esta situação o momento de elaboração dos problemas vocacionais.
Com isso, se chega a um diagnóstico sobre uma possível profissão a ser apresentada ao jovem, mas com procedimentos de orientação sobre a profissão, principalmente considerando as informações ocupacionais no sentido de traçar um perfil da profissão indicada.
É interessante observar que a criança é muito convicta da proflssão escolhida e apresenta fortes argumentos para justificar sua escolha. Então, o que acontece na adolescência, quando surgem tantas incertezas e dúvidas quanto à profissão? Quais mudanças teriam ocorrido na passagem da infância para a adolescência que alteraram completamente este cenário?

Em princípio, vamos refletir acerca dos motivos que levam uma criança a, ludicamente, escolher uma profissão. Provavelmente, a criação de uma criança em termos de brincar em uma dada profissão é a solução para situações experimentadas em relação a determinados sentimentos destrutivos, bem comuns na infância, ou seja, pelo fato de a criança imaginar ter destruído coisas com sua vontade, repara isso imaginando-se agindo em uma profissão. Tais sentimentos, geralmente dirigidos às pessoas amadas, como as figuras parentais, são o foco de conflitos psíquicos, os quais, muitas vezes, ficam adormecidos na infância para reaparecerem com toda a força na adolescência, especialmente nas circunstâncias que envolvem a escolha profissional.
Em função de a mente encontrar-se direcionada e ocupada por esses conteúdos, o adolescente experimenta sentimentos de angústia bem mais fortes do que na infância ou em outra etapa da vida. Movido pela angústia desse momento da vida e pelo ímpeto de criar o mundo a sua volta, o jovem ocupa-se de planejar tarefas que nem sempre são executadas para solucionar as situações que ficaram pendentes na infância, principalmente as relativas aos afetos de ódio e de inveja que apontam para a destrutividade. Quer dizer, um dos possíveis destinos do ímpeto destrutivo da infância é uma espécie de compensação pela escolha de uma profissão.
Uma pista para pensarmos as vocações é entendê-las como expressões compensatórias aos objetos que foram, pela imaginação da criança, danificados pelos seus afetos, visto que a criança acredita que aquilo que ela diz acontece. Nesse sentido, a escolha de uma profissão como fruto de uma vocação é uma espécie de reparação de um objeto ou de uma pessoa que foram alvo do ódio. Quer dizer, a escolha reflete a atitude de quem julga ter causado algum dano a outrem em função de sentimentos hostis. Assim, a profissão escolhida pode ser uma espécie de recompensa para esses sentimentos.
Sendo assim, o objeto ou a pessoa destruída pelo ódio é geralmente uma pessoa do ciclo das relações da criança, ou seja, é uma pessoa amada ou um objeto muito querido, o que caracteriza o processo de destruição como ambivalente. Essa ambivalência está presente no momento da escolha de uma profissão, daí as muitas dúvidas experimentadas pelo
adolescente nesse momento, pois terá que produzir uma solução para as situações da infância que repercutem em sua vida, principalmente no sentido de recriar tanto os objetos quanto as pessoas que foram danificadas pelos sentimentos destrutivos.
Dificilmente podemos pensar o processo de orientação profissional sem considerá-lo com um procedimento de reparação.

Reparação
Entendemos por reparação uma série de ações que expressam o desejo de recriar um objeto ou uma pessoa do mundo externo que teriam sido destruídos pela criança no âmbito da imaginação. Como a destruição ocorre de forma imaginária, então a destruição é da representação do objeto ou da pessoa, quer dizer, ocorre no âmbito interno. A destruição, sendo real ou não, é acionada pelo ódio ou pela raiva.

Os dois tipos de reparação no processo da escolha de uma profissão, a compulsiva e a vinculada à tristeza, devem ser entendidos da seguinte maneira: a reparação compulsiva é movida por uma espécie de culpa decorrente do remorso relativo à destruição do objeto ou da pessoa no âmbito da dinâmica psíquica. É um tipo de ação que, ao invés de recriar o objeto ou a pessoa, acaba por danificá-los ainda mais, pois o sujeito abre
mão de sua autonomia e faz sua escolha movido por uma compulsão, sem a mediação do pensamento.
A reparação associada à tristeza corresponde à vertente autodestrutiva. Quer dizer, enquanto que, no primeiro caso, a culpa é o motor que leva à continuidade da destruição do objeto ou pessoa já destruídos, no segundo, essa mesma culpa destrói o próprio sujeito.

Da vinculação entre o processo de escolha de uma profissão e o conceito de reparação, podemos estabelecer algumas deduções. Em primeiro lugar, a escolha da profissão supõe uma decisão que deve ser considerada como a elaboração de lutos, tanto o luto pelo paraíso perdido da infância quanto o luto pelo confronto com os pais da realidade, pois a criança e também o adolescente lidam com os pais de forma completamente idealizada.
Em segundo lugar, a escolha profissional representa um grande avanço no processo de construção da identidade, visto que é na adolescência que a sociedade faz exigências ao jovem em termos de valores morais, pertencimento a uma religião e engajamento em planos para uma atividade laborativa.
Em terceiro lugar, é pela escolha de uma profissão que o jovem tenta responder à pergunta existencial sobre quem ele é, no sentido de agregar aspectos de sua história passada às prospecções para o futuro, tendo em mente o presente em que se encontra.
O fator que determina a escolha de uma profissão é a família, mas de forma bem diferente se comparada às épocas passadas, em que os filhos simplesmente seguiam as profissões dos pais. Atualmente os pais orientam, esclarecem e incentivam, porém a escolha final é do jovem. Então os pais devem dar um bom exemplo profissional aos filhos, no sentido de amarem e exercerem bem suas profissões. O mais importante é os pais demonstrarem aos filhos a ideia de que trabalhar é positivo.

A escolha profissional em termos de realização pessoal corresponde à elaboração dos conflitos infantis em termos da destruição, pela criança, de objetos e pessoas amadas no âmbito da fantasia. A destruição feita pela criança produz uma espécie de culpa que o adolescente tenta reparar, pela criação, na escolha de uma profissão.
A ambivalência trazida da infância decorre do fato de a criança dirigir seu ódio ou sua raiva para objetos e pessoas amadas e acreditar que, por isso, estaria causando severos danos a esses objetos ou a essas pessoas. Por isso, experimenta o sentimento de ambivalência e tenta solucionar pelo processo de reparação escolhendo uma profissão. Aliado a esse fato, há o aspecto da insegurança pelo fato de o adolescente encontrar-se em uma etapa do desenvolvimento psicológico em que não é mais criança nem ainda adulto e ter perdido o amor incondicional dos adultos sem ter ainda o reconhecimento
dos mesmos. A insegurança deve-se também às pronunciadas transformações corporais e hormonais próprias da puberdade

Mas qual o sentido de uma profissão para o adolescente? Em princípio, podemos admitir que a profissão é vista pelo adolescente como algo que faz parte de seu universo de questões subjetivas. Porém, existem aspectos atrativos em algumas profissões e, ao mesmo tempo, aspectos profissionais que não despertam o menor interesse. Como podemos observar, acontece com as profissões a revivência de sentimentos que outrora
eram experimentados com as figuras parentais, em especial a mãe. Isso quer dizer que, da mesma maneira que aprende a lidar com sentimentos de amor e ódio em relação às pessoas amadas, o mesmo acontecerá no momento da escolha de uma profissão, caso tenha havido, minimamente, uma solução dos conflitos em relação a esses sentimentos.
A capacidade do adolescente para escolher uma profissão advém da capacidade de amor e devoção dirigidos aos objetos primordiais de amor da infância: em primeiro lugar a mãe, e em segundo as outras pessoas que fazem parte do universo de relações da criança.
Sendo assim, todas as dificuldades na escolha da profissão, bem como as dificuldades de relacionamento, são, na verdade, dificuldades em lidar com o sentimento de culpa da infância. Os programas de orientação profissional devem seguir duas diretrizes básicas: a) ser pautado na definição clara e precisa de uma carreira e das condições de trabalho; b) ter fundamentos para propiciar ao adolescente a aprendizagem e a escolha de uma profissão que reflita sua identidade vocacional, considerando, evidentemente, a sua identidade pessoal.

Eis a fundamental importância da escolha de uma profissão. Primeiro, pelo fato de que, ao escolher uma profissão, o adolescente se libera, parcialmente, da tutela dos adultos na esperança de que, futuramente, essa liberação seja completa. Em segundo lugar, esse seria um destino saudável para a rebeldia própria da adolescência. Quer dizer, o adolescente, às vezes, se rebela contra os valores familiares escolhendo uma profissão para ter autonomia e independência. Nesse sentido, a realização do adolescente não deixa de ser um ideal da sociedade, além de ser um ideal da família.
É na profissão escolhida que o adolescente apresenta ou não uma identidade própria. Quando a profissão escolhida é a mesma dos pais, o jovem faz uma “colagem” de sua identidade à identidade dos pais e assim sua autonomia fica bastante reduzida em termos de vontade própria.
Porém, quando a profissão escolhida é o resultado de uma decisão que leve em conta aspectos de natureza subjetiva, o jovem tem a possibilidade de expressar sua identidade em termos singulares.
A escolha de uma profissão e a idealização comercial que o mundo contemporâneo produz para o adolescente. Praticamente as profissões são ofertadas como estilos de sucessos previamente construídos.

Em relação à realização profissional, cada vez mais o olhar dos adultos e da sociedade se desloca para o adolescente com um foco determinado: sucesso e felicidade. Eis os ingredientes do adolescente feliz.
Como conseguir essa felicidade? Imagina-se que uma boa profissão seria o melhor caminho. Certamente, o adolescente realizado em uma profissão pode realizar antigos sonhos dos pais que foram deixados para trás.
Sendo assim, muitas vezes, a profissionalização dos filhos pode estar a serviço de um ideal dos pais e, ainda, o filho ter o encargo de satisfazer as frustrações dos pais.
Pelas razões expostas, o jovem, no momento de escolha de uma profissão, deve procurar um serviço de orientação profissional para conhecer suas vocações, bem como explorar as potencialidades de cada profissão antes de se decidir por uma. É importante haver esse tipo de acompanhamento, especialmente pelo fato de que, nesta etapa do desenvolvimento, o jovem está vivendo inúmeras transformações em seu corpo e também novos horizontes se abrem em termos de sua dinâmica psíquica.

Resumo aula 11 - Adolescência e Juventude | Gravidez na adolescência  – Francisco Ramos de Farias
De acordo  com as estatísticas do Ministério da Saúde, produzidas pelo DATASUS (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde), nas duas últimas décadas do século XX, mais de 10% dos partos eram realizados em mães adolescentes e, no alvorecer do século XXI, esse percentual dobrou. Alguns dados dessas estatísticas merecem maior atenção: a maioria das adolescentes que engravidam apresentam baixa escolaridade. Mas mesmo entre as adolescentes que cursam o ensino médio e as que ingressam na universidade, a gravidez apresenta números consideráveis.
Muito mais forte do que o acesso ao conhecimento dos métodos de prevenção é a crença dos jovens de que quando há amor não é preciso se prevenir, e que gravidez e doenças sexualmente transmissíveis acontecem somente com outras pessoas. Existem também as desculpas de que não houve tempo para conseguir os preservativos ou que a parceira ou o parceiro não gostam de ter relações com tais métodos. Há, também, mais entre as adolescentes, a crença de que uma gravidez pode servir para segurar o namorado e daí caminhar para o casamento.Certamente, com todas as mudanças que ocorreram no cenário mundial e as novas concepções sobre união conjugal, temos uma nova concepção de casal. Nos tempos atuais, o casal não é somente a consequência de um acordo matrimonial. Isso nos faz pensar que os jovens falam de amizade, de amor e igualmente de sexo. Quer dizer, não só falam de sexo, mas têm uma vida sexual ativa. Além de se amarem e terem relações sexuais, os jovens gostam de fcar juntos. Mas, muitas vezes, o “ficar”, ter uma amizade ou mesmo um namoro podem resultar em uma gravidez inesperada.

A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Havia, por parte dos estudiosos, educadores e profissionais da área da saúde coletiva, a expectativa de que, com a difusão das informações pelos meios de comunicação, houvesse uma certa contenção no aumento da natalidade entre jovens, principalmente por se pensar que em muitos casos o fator determinante era a falta de esclarecimentos. No entanto, apesar de os jovens se tornarem ávidos por informações sobre os assuntos relacionados ao sexo, isso não interferiu na ocorrência de gravidez nesta faixa etária. Assim, podemos concluir que uma coisa é ter acesso às informações sobre a sexualidade, outra é a reflexão sobre as complicações de uma gravidez, em uma idade muito jovem, sem as devidas condições sociais, pessoais e emocionais.
Quando ocorre o ingresso na adolescência, a menina se depara com diversas transformações tanto corporais, decorrentes da puberdade, quanto emocionais, devido ao mundo infantil recém-perdido. Todas essas transformações acontecem de maneira muito rápida e, devido à velocidade com que ocorrem, parecem produzir um certo desequilíbrio entre os aspectos da vida racional e a vida emocional. De onde, então, provém tal desequilíbrio? Certamente o fator determinante é a descoberta do próprio corpo, bem como a descoberta do corpo do outro. Isso quer dizer que o jovem se depara com uma quantidade enorme de informações sobre seu próprio corpo e sobre o corpo de seu semelhante, sem ter tempo hábil para elaborá-las de maneira precisa. Ao invés de certezas, o jovem é movido por muitas dúvidas e, mesmo tendo tido acesso a muitas informações, não consegue pô-las em práticas.

Como a adolescente se vê diante de seu corpo de menina transformado em corpo de mulher, então crê que deve colocar em prática a realização do tornar-se mulher pela gravidez. Eis a consequência do crescimento dos seios e da menarca que atestam para a adolescente a prontidão ao exercício da reprodução.Com respeito ao jovem adolescente, vamos destacar a ideia de autossuficiência, bastante cultivada e presente nessa etapa da vida também nas adolescentes. O sentimento de autossuficiência tem consequências bem desagradáveis, que vão desde a exposição a situações de risco até a indiferença, o que pode resultar em uma gravidez indesejada. Em muitas circunstâncias, a gravidez para o adolescente significa apenas
a prova de uma prática sexual convincente, mas que necessariamente não inclui o vínculo amoroso. Diferentemente das jovens adolescentes, para quem no início da sexualidade não haveria a dissociação entre dois tipos de homens, estando unidos o vínculo amoroso e a vida sexual.

O RELACIONAMENTO COM A FAMÍLIA
A gravidez na adolescência representa, para os pais, uma certa frustração nos projetos que idealizaram para os filhos. Quase sempre é uma fonte de insatisfações e de conflitos, principalmente em função dos rearranjos que terão de ser feitos na estrutura da família, seja da jovem mãe, seja do jovem pai.
Para a adolescente a gravidez pode significar a confirmação de um vínculo amoroso, para o jovem tem-se apenas uma prova de sua virilidade.
Os diálogos entre pais e filhos, quando acontecem, geralmente são focados em torno de questões de cunho reprodutivo, ficando de fora assuntos ligados ao prazer e à satisfação sexual. Há nisso um descompasso, pois enquanto o jovem está interessado em romances, aventuras, paixão e amor, a família e, muitas vezes, a escola abordam a temática
da sexualidade apenas sob o ângulo da procriação.
Os pais podem utilizar recursos, como as informações que são divulgadas pela mídia, de modo a trazer a questão para discussão no âmbito da família. Seria uma boa estratégia, que teria a finalidade de preservar a intimidade do adolescente.

As mudanças no âmbito familiar se explicam pelo fato do jovem que será pai ou a jovem que será mãe buscarem em seus pais proteção e segurança para realizar o que pode ser um sonho de liberdade e de independência. Geralmente a jovem se apega mais à mãe, enquanto que o jovem tenta encontrar em seu pai a força de que precisa para atravessar a situação. No campo do relacionamento amoroso, pode acontecer que quando a jovem  engravida perca o interesse pelo parceiro, pois estaria mais voltada para a realização da maternidade, e as mudanças na vida social se explicam pelo fato de que há uma nova tarefa que deve ser planejada para a chegada da criança. Há também o aumento de responsabilidade, principalmente da mãe, sobre os cuidados necessários para a saúde de seu filho como evitar bebidas, cigarros, drogas, noitadas e outras situações que coloquem em risco a gravidez.

REAÇÕES DOS ADOLESCENTES À GRAVIDEZ
Existem muitas expectativas na jovem grávida em relação à experiência de ser mãe e também quanto à responsabilidade de educar. Sem dúvida, a vida da futura mãe passará por mudanças significativas, embora a vida do jovem pai, quando há conscientização, também mudará. Isso
quer dizer que para ambos há uma certa dose de ansiedade no que diz respeito à chegada de uma criança, pois deverão projetar um futuro que inclua uma criança ao lado dos projetos de formação profissional, viagens e outras tantas situações que povoam o imaginário dos jovens.
Quanto à não aceitação do jovem ante a condição de paternidade, o que o leva, muitas vezes, a abandonar a adolescente, podemos indicar duas possibilidades: a) a incompreensão das questões relativas à gestação e b) as dificuldades relativas ao exercício da paternidade. Na grande maioria das situações de gravidez na adolescência, o parceiro desaparece, não ajudando a jovem mãe nas tarefas destinadas à criança.
Isso representa, para a jovem mãe, uma certa desproteção, mesmo que tenha todo o apoio familiar. De certo modo, a saída de cena do jovem pai é sentida pela jovem mãe como uma grande decepção com relação ao projeto de uma vida a dois. Certamente, cai por terra a esperança de ter sentimentos compartilhados. É por isso que em muitas circunstâncias o sonho de aventura idealizado pelos jovens de terem uma vida a dois pode transformar-se num grande pesadelo.
Para finalizar, cabe salientar que tanto a jovem quanto o jovem, por não terem ainda elaborado as questões próprias da adolescência, não terão maturidade suficiente para impor limites para a criança, mesmo porque ainda estão na fase de demarcação de seus próprios.

A gravidez na adolescência na atualidade é um fator de risco para a vida dos jovens, seja pela falta de maturidade emocional, seja pela falta de condições materiais que os jovens ainda estão em vias de se especializarem para produzi-las. Mas, quando acontecer, o apoio da família é importante para ajudar os jovens na passagem da adolescência à vida adulta, que se dá de maneira forçada, ou seja, a situação impõe aos jovens condições como cuidar do filho, adiar os estudos e projetos, entre outras, diante das quais não terão quaisquer alternativas a não ser atendê-las.
As informações sobre o processo de reprodução não devem ser confundidas com as informações sobre a sexualidade, e é nisso que muitas campanhas falham, seja nos conteúdos escolares da disciplina Programas de Saúde, seja nas campanhas veiculadas pela mídia, cujo acento recai na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

A gravidez na adolescência pode ser explicada por vários fatores: a) a dificuldade de colocar em práticas as informações que circulam nas campanhas de prevenção ou as informações recebidas no contexto familiar; b) a possibilidade de realização para a jovem e a condição de afirmação da masculinidade para o jovem; c) descuido e imperícia; d) minimização e indiferença em relação à situação, decorrentes da atitude de onipotência, e e) avaliação equivocada das consequências de determinados atos.

As mudanças mais significativas que a gravidez na adolescência pode provocar para os jovens são o afastamento ou abandono da escola, tanto para a jovem mãe, que terá o encargo dos cuidados da criança, quanto para o jovem pai, que, muitas vezes, tem de ingressar no mercado de trabalho para garantir o sustento do filho. Além disso, os projetos de construção de uma vida a dois terão que passar por uma mudança radical a ponto de incluir a criança.

As alternativas idealizadas pelos jovens diante da gravidez são três: a) recorrer a uma clínica de aborto para interrupção da gravidez; b) ter a criança e educá-la contando com a ajuda de familiares; e c) ter a criança e procurar setores de adoção.

A gravidez na adolescência resulta de vários fatores. Na jovem pode ser vista como a possibilidade de realização da condição relacionada ao ser mulher. No jovem pode ser o ponto de afirmação de condição viril.
A gravidez na adolescência pode adiar ou mesmo impedir a realização de determinados projetos de vida, além de ser um fator de risco à saúde da mulher que, apesar da prontidão para a procriação, pode ainda não estar fisicamente e emocionalmente preparada.

Resumo aula 12 - Adolescência e Juventude |  Drogas, toxicomania e o falso paraíso  – Francisco Ramos de Farias
A adolescência, conforme vimos, é uma etapa da vida afeita ao desafi
o, às  aventuras e às tentativas de ultrapassar limites. É próprio do adolescente a intolerância à espera, à frustração e, por decorrência, quaisquer determinações que signifiquem esperar um tempo para realizar determinados projetos.
Devido a isso, constituem uma população de risco em relação ao consumo de substâncias químicas.As drogas existiram ao longo da história em quase todas as culturas. O homem, para buscar o prazer ou para atenuar o sofrimento físico ou psíquico, não hesitava, e nem hesita, em recorrer a substâncias que provoquem um
estado artificial de bem-estar. Assim foi e assim tem sido. É importante ter clareza sobre essa questão para que não se adote uma postura negativa na análise do problema nem uma postura de cunho moral para correr o risco do afastamento de uma visão racional.
O uso de drogas simboliza, para os jovens, o estado adulto. Esse é um fator que muito contribui para o consumo. Ao lado das drogas legais, há também o consumo das drogas ilegais, que apresentam sérios problemas, que começam com os mecanismos de aquisição, pois estão articulados ao narcotráfico.

Drogas
A palavra “droga” deriva-se do holandês droog, cujo significado é folha seca. Define-se
por droga qualquer substância, legal ou ilegal, natural ou produzida sinteticamente que, uma vez introduzida no organismo, provoque alterações consideráveis e visíveis no seu funcionamento.

Adição
É definida como a tendência não controlável para a realização de uma ação, geralmente dirigida a um objeto, no caso a droga. Pela adição, o sujeito sente-se impelido para tal objeto, acreditando que não dispõe de forças para evitar a aproximação com o mesmo.

As práticas de repressão ao narcotráfico, bem como o controle do consumo de substâncias químicas, têm, no mínimo, uma história interessante e paradoxal. Como sabemos, as potências imperialistas do mundo ocidental não se pouparam em utilizar, desde o século XVII, a força de armamentos pesados e o ópio para submeter a Indochina aos seus interesses. O ópio era comercializado livremente, pois possibilitava lucros fabulosos aos mercadores ocidentais, principalmente os norte-americanos e ingleses.
Com a invasão pela Inglaterra, no final do século XIX, aconteceu, por força do domínio dessa potência ocidental, a abertura do mercado para o comércio da droga.
É interessante lembrar que, em cerca de dois anos, a China importou mais de duzentas toneladas de ópio e aproximadamente mais de treze milhões de chineses consumiam a droga. Apenas no fnal da primeira década do século XX é que a China conseguiu abolir o tráfico do ópio, sendo por isso a primeira nação do mundo que venceu o flagelo da adição de drogas.

Em princípio, temos que destacar que a adolescência é a etapa da vida movida por certos tipos de pensamentos. Além da propensão para a aventura, o adolescente é habitado por ideias onipotentes de que, mesmo consumindo drogas, com ele nada do que é divulgado pela mídia irá acontecer. E ele ainda cultiva a crença de que pode largar a droga na hora que bem quiser, ideia bastante ilusória.
Temos também um outro fator a considerar: o contexto da cultura contemporânea, que tem como característica fundamental a busca de realização, de bem-estar imediato, a busca, por quaisquer meios, da manutenção da juventude, a exigência de ter um corpo que circule no mercado como objeto desejável e valorizado.
O adolescente, ante o novo corpo, sente um abalo significativo em seus sentimentos, especialmente em relação à iminência de viver um corpo que lhe parece estranho e do qual acredita ter perdido o controle.
Diante das ocorrências corpóreas que são vividas como uma espécie de estranhamento, não aceitação e fragmentação do corpo, o jovem pode recorrer à droga, na tentativa de encontrar um objeto que signifique a união das sensações vividas. Porém, essa unificação de sensações é algo passageiro e bastante precário.

Na maioria das vezes em que um adolescente faz sua incursão nas drogas, a família tem na sua trajetória a postura de cuidar de suas crianças com práticas excessivamente compulsivas. É comum, nas mínimas situações de desconforto da criança, os pais em seu socorro recorrerem a analgésicos e antiespasmódicos. Assim, desde cedo, a criança é ensinada, a qualquer sinal de dor física ou de sofrimento psíquico, a recorrer a uma substância química para obter alívio.
É oportuno lembrar que em muitas residências as bebidas são colocadas em um local estratégico valorizado, uma espécie de móvel com vidros que deixam visíveis bebidas e copos, bem como os belos cinzeiros que ornamentam as salas de estar.
O efeito de excitação induzido pela droga é rápido e, quando passa, o vazio se acentua ainda mais, razão pela qual o sujeito precisa de quantidades maiores de drogas para alcançar o efeito. Qual a consequência disso? O jovem tenta, pelo uso da droga, evitar situações difíceis ligadas ao sofrimento, porém não consegue evitar os seus efeitos. Desse modo, a droga, ao mesmo tempo em que é usada para alívio da dor,
provoca dores que dificilmente são passíveis de solução.

A diferença no uso de substâncias químicas praticado pelos povos antigos e sociedades primitivas, em comparação com o uso dos povos considerados civilizados e modernos, diz respeito ao fato de que os antigos e primitivos recorriam a essas substâncias em rituais para entrar em contato com divindades ou para terem poderes mágicos, mas sem ficarem dependentes dessas substâncias. O homem moderno recorre às drogas na busca de satisfação imediata, respondendo aos apelos da mídia em termos do consumo e tornando-se escravo dessas substâncias.
As principais causas que explicam a grande incidência dos jovens no universo das drogas são:
• o estímulo pela mídia ao consumo de drogas legais como forma de status, bem-estar e realização profissional;
• a atitude dos jovens de superar obstáculos, vencer desafios e transgredir os limites estabelecidos socialmente;
• as condições familiares que acostumam o jovem, desde criança, ao uso de substâncias que produzam alívio;
• a busca de solução para as situações de vazio provocadas pelas perdas;
• o choque do jovem em relação ao confronto com as exigências impostas pela sociedade.




DIFERENTES TIPOS DE USUÁRIOS DE DROGAS

No contexto das drogas legalizadas, encontram-se todos os produtos que contêm a nicotina, o álcool e os medicamentos, especialmente os que são comercializados em caixas de tarja preta. Todas essas drogas são oferecidas em campanhas publicitárias, que apresentam os benefícios, mas também esclarecem os danos que podem causar, principalmente o fumo e o álcool. São substâncias comercializadas sob controle legal e
muitas delas, como o álcool, são vendidas livremente até em supermercados.

Denominam-se drogas ilegais ou ilícitas todas as que são proibidas pela lei, em termos de produção, comercialização e consumo, como a maconha, a cocaína, a heroína, o crack e o ecstasy. A maioria das drogas ilegais é sintética, pois são substâncias produzidas em laboratórios. O consumo dessas drogas produz mecanismos rápidos de destrutividade, seja pelos efeitos causados ao organismo, seja pelos riscos a que o sujeito se expõe para consegui-las.
As drogas apresentam graus variados de destruição. A maconha parece ser a droga ilegal com menor poder de destrutividade e é a única que não causa dependência física. Além disso, não se conhece nenhum caso de alguém que tenha morrido de overdose de maconha.

Dentre as drogas ilegais com alto poder de destrutividade, temos o crack que causa dependência física e deterioração do corpo de tal forma que faz com que o usuário dificilmente consiga parar de consumi-lo uma vez tendo começado. Com relação às drogas injetáveis, há ainda um fator a ser considerado que aumenta a destrutividade: a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, principalmente quando as seringas são compartilhadas.
É mais frequente do que se pensa o uso eventual de drogas lícitas e ilícitas. No caso das drogas lícitas, como o álcool e a nicotina, temos o que se denomina de “uso social” que, muitas vezes, está relacionado ao ritual de pertinência a um grupo ou a determinados tipos de atividades artísticas, esportivas, entre outras. Pode acontecer também o uso em
situações de lazer.

Podemos afirmar que existem dois tipos de usuários de drogas:
1) Aqueles que são apenas provadores. Estes usuários, geralmente adolescentes, participam da experiência da droga por curiosidade ou por pressões do grupo ao qual pertence, mas não seguem o consumo de forma sistemática  
2) toxicômanos ou drogaditos, que são os usuários que têm com a droga uma relação impulsiva e sistemática, com dependência química e psíquica. Daí conhecermos o termo “toxicomania” ou “drogadição”.

O CONSUMO DE DROGAS E SUAS CONSQUÊNCIAS

Em certo sentido, o efeito do consumo de drogas poderia ser comparado, imaginariamente, ao personagem Popeye, marinheiro de um desenho animado que, vendo-se em apuros, come uma lata de espinafre para ganhar forças e domínio. A ingestão da substância produz uma rápida transformação: a aquisição de uma musculatura forte e de poder. Também vencia todos seus inimigos. Eis a fantasia que povoa a imaginação das pessoas que usam drogas, as quais buscam forças sobrenaturais,
aumento de sensibilidade e melhoria da imaginação.
Isso é a porta de entrada ao mundo das drogas. Com o passar do tempo, a situação torna-se bastante grave, principalmente quando se instala no sujeito um mecanismo do tipo “bola de neve”.
As drogas são a segunda maior fonte de renda, perdendo apenas para o mercado de
fabricação de armas.
A overdose é uma fórmula mágica de o sujeito pôr fim a tudo, inclusive à própria vida, como acontece quando ele, totalmente dominado pelo efeito da droga, se lança do alto de um prédio ou mata alguém.
Sem dúvida, esse estado é o final do processo de destruição. Mas paira uma questão no ar: não se sabe se o sujeito precipita seu fim por não suportar o sofrimento que vive com a droga ou se tenta um vôo em direção à liberdade. São questões intrigantes em relação às quais só nos cabe refletir

AS DROGAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
A toxicomania, no cenário do mundo contemporâneo, está estreitamente associada a dois grandes indutores do consumo. Por um lado, as constantes guerras, na segunda metade do século XX, aliaram-se ao progresso científico no sentido da produção de substâncias que amortecessem a dor, visando com isso à manutenção de
soldados em prolongadas jornadas de atividades. Provavelmente teria
sido produzida, nessas circunstâncias, a heroína.

A droga pode ser, para o adolescente, um recurso contra o mal-estar, próprio desse momento da vida, tendo, na maioria dos casos, a significação de atividade iniciática, o que é muito comum na formação de bandos e de condutas de risco. Em segundo lugar, o consumo de drogas pode ser considerado, pelo adolescente, como uma espécie de provação, ou seja, atitude de desafio junto à família ou aos espaços institucionalmente constituídos como a escola, o trabalho, entre outros.

Diferentemente de épocas antigas, em que o uso de substâncias químicas estava relacionado a rituais sagrados para aguçar a capacidade de comunicação do homem com entidades divinas, na atualidade o consumo decorre de uma vontade e decisão do sujeito em participar de um contexto modelado por determinadas premissas econômicas e pela difusão dos efeitos causados pelos poderes de certas substâncias.

O alcoolismo, a dependência de nicotina e a toxicomania são, na atualidade, grandes problemas para a sociedade, os pais, os educadores e principalmente para os agentes do campo da saúde coletiva. Essa questão torna-se mais grave quando focalizamos a droga na adolescência. Primeiro, pelo fato de que a droga permite a louca fantasia de aumento de capacidade, de coragem, além de ser vista como a senha de entrada no mundo adulto.